quinta-feira, 13 de março de 2014

#SemanadeLutadasMulheres - Mulheres Trans*

Foto de Capa: Mulheres trans* saem as ruas. Fonte: Dois Terços

Quinto dia da #SemanadeLutadasMulheres do CAHIS. Hoje, um dos temas mais polêmicos, infelizmente, em toda a nossa sociedade: as mulheres trans* e o transfeminismo.

Vivemos em uma sociedade em que as pessoas trans** são explicitamente abominadas e mecanicamente marginalizadas de todos os círculos sociais (inclusive a academia), sempre reduzidas à estigmas e generalizações preconceituosas. É necessário um exercício diário, especialmente de nós, pessoas cisgênero**, para desconstruir e destruir qualquer tipo de opressão e cerceamento de direitos a esses grupos historicamente oprimidos. Precisamos reconhecer e refutar os privilégios que nos são automaticamente concedidos e incentivar os símbolos propagadores de uma visibilidade trans*, para que, juntxs, consigamos desfazer toda a cisnormalidade imposta. 

*Na linguagem escrita, usa-se asterisco após a palavra “trans” porque trans pode se referir a mais de um tipo de identidade (transexual, transgênero, travesti). Para evitar ser excludente com alguma dessas identidades, usamos o que é considerado “termo guarda-chuva”, trans*, que acolhe todas essas pessoas. 

**cisgênero é toda identidade de gênero que está em consonância com o universo simbólico (aparência física, conduta psicossocial) atribuído ao sexo com o qual a pessoa nasceu. Exemplo: pessoa que nasceu com características biológicas de mulher e se identifica como “mulher”. 

Obs: Os artigos definidores de gênero são substituídos nos textos pela letra "x" não só para equalizar os gêneros, mas porque existem pessoas que não se identificam com a concepção binária de gênero (homem cis/mulher cis), e essa é uma pequena forma de incluí-lxs na linguagem escrita. Por vezes, especialmente quando referente à pessoa trans*, mantém-se o artigo, com o objetivo de reforçar que a identidade de gênero escolhida pela pessoa cabe só e somente só a essx indivíduo, e não é o julgamento da sociedade ou uma marca biológica que define se determinada pessoa é ou não homem/mulher.

Para entender melhor este tema, separamos alguns materiais importantes para levantar o debate. 
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Ser uma mulher trans* - Nesse breve relato feito por Andi Moreira, engenheira e mestranda em educação, publicado na página Blogueiras Feministas ela narra um pouco das dificuldades diárias de ser uma mulher trans*, e, indo além, sugere como a representatividade desse grupo social deve ser feita, de forma a não reforçar ou criar ainda mais preconceitos relacionados à elxs.
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Outra publicação, dessa vez feita no blog Feminismo Sem Demagogia,  foi o artigo intitulado "O feminismo precisa das mulheres trans*". Neste texto de Mariana Luppi, apresenta-se a necessidade da interseccionalidade no movimento feminista (temática que já abordamos na #SemanadeLutadasMulheres, do terceiro dia), urgindo pela inclusão e pela soma de forças que mulheres trans*, negras, indígenas e de todos os outros grupos têm a oferecer e se beneficiar. Afinal, todas as opressões se sustentam. Não nos interessa um mundo não-capitalista e machista, assim como não estaremos satisfeitxs com uma sociedade em que haja equidade de gênero e a exploração entre classes se faça presente.
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Indicamos também uma excelente matéria do IGay a respeito de João W. Nery, escritor, psicólogo e primeiro trans* homem a passar por cirurgia no Brasil, ele cunha a excelente frase: “não é o pênis que te faz sentir masculino. Dizer que você é homem, homossexual ou transexual não quer dizer absolutamente nada”. Um dos mais ativos militantes pela visibilidade trans* no país, Nery será convidado do CAHIS-UERJ em nossa Calourada de 2014, integrando a mesa que discorrerá sobre Historiografia de gênero.
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Outra entrevista interessante: a cantora e líder da banda Against Me!, Laura Jane Grace, nasceu Tom Gabel, e nessa matéria da Rolling Stone ela fala sobre como é ser mulher trans*, mãe, companheira e exemplo para muita gente através de sua música.
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E dando início as nossas indicações de vídeos, começamos com um vídeo da banda da Laura Jane Grace, Against Me!, tocando  a canção “Transgender Dysphoria Blues” ao vivo.


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Outra indicação: o filme “Meninos não choram” (Boys Don’t Cry), de 1999. O mesmo aborda a questão da transexualidade e é baseado na história real de Brandon Teena. O protagonista assume a identidade de homem e isso gera uma onda crescente de violência na pequena cidade que serve de cenário para a história, chegando ao absurdo de um estupro corretivo. Hilary Swank levou o Oscar de melhor atriz, por sua atuação na pele de Brandon.


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"Precisamos das mulheres trans, em primeiro lugar, porque precisamos das mulheres em geral, de cada uma delas, com suas experiências e diversidade. Mas não só isso, precisamos das mulheres trans para nunca esquecermos que ser mulher não é uma identidade definida positivamente, ou características definidas que nos igualam. Na nossa sociedade em geral ser mulher significa antes de tudo que somos oprimidas diariamente pelo machismo." - Mariana Luppi em "O feminismo precisa das mulheres trans*"
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