Foto de capa: Marsha Hunt, por Patrick Lichfield, 1969 - Fonte; Gravura "Marcara de Ferro", de Jacques Arago, em alusão a escrava Anastacia - Fonte; Gravura Dandara - Fonte; Kathleen Cleaver falando no "Black Panther Rally" - Fonte. |
Terceiro dia da #SemanadasdeLutadasMulheres do CAHIS. Hoje vamos iniciar a nossa discussão sobre Feminismo intersecional, indicando materiais a respeito do Feminismo Negro.
Mas antes de tudo, o que é Feminismo intersecional e por que ele é tão importante?
Bom, segundo o dicionário:
E, segundo a Wikipedia:
É o estudo das interseções entre grupos desprivilegiados diferentes ou grupos de minorias; especificamente, é o estudo das interações dos vários sistemas de opressão ou discriminação.
Esse conceito foi criado em 1989 por Kimberle Crenshaw, uma professora de Direito da Universidade da Califórnia (UCLA) e da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos que também é uma grande ativista do feminismo e dos direitos-civis. No artigo "A Intersecionalidade na Discriminação de Raça e Gênero", Kimberle questiona a visão tradicional de discriminação sugerida pelos Direitos Humanos, sobretudo de raça e gênero. Segundo a autora, essa visão tende a considerar categorias diferentes de pessoas, em separado: "A visão tradicional afirma: a discriminação de gênero diz respeito às mulheres e a racial diz respeito à raça e à etnicidade. Assim como a discriminação de classe diz respeito apenas a pessoas pobres". A intersecionalidade seria, portanto, uma forma de levar em consideração a sobreposição desses grupos e não sua distinção.
Mais tarde esse conceito seria levado a abranger novas características e discriminações. E o feminismo intersecional quer dizer então que, para mulheres que sofrem opressões provenientes de diferentes grupos e categorias tradicionais, é impossível separar as experiencias sofridas. É importante que o feminismo se abra para todas as experiências, atentando e protegendo igualmente a todas as mulheres:
A intersecionalidade oferece uma oportunidade de fazermos com que todas as nossas políticas e práticas sejam, efetivamente, inclusivas e produtivas. - Kimberle Crenshaw
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A partir do livro organizado e escrito por Jurema Werneck, intitulado "Mulheres Negras: um Olhar sobre as Lutas Sociais e as Políticas Públicas no Brasil", e do artigo de Sueli Carneiro, "Enegrecer o Feminismo: a situação da mulher negra na América Latina apartir de uma perspectiva de gênero", a blogueira Bárbara Araújo deu sua colaboração para a discussão sobre o Feminismo negro no artigo "'Enegrecer o feminismo': movimentos de mulheres negras no Brasil", também explicando sobre intersecionalidade.
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Por fim, algumas indicações de filmes para refletir sobre a questão da intercecionalidade e do feminismo negro.
A Cor Púrpura (The Color Purple) - 1985
O drama, dirigido por Steven Spilberg e indicado a 11 Oscars, foi baseado em um livro de mesmo nome, escrito por Alice Walker em 1982. Celie (Whoopi Goldberg) é mulher e negra, no início no século XX, vivendo numa área rural dos Estados Unidos. É violentada pelo pai aos 14 anos, tem dois filhos, fica estéril, é separada da irmã que amava e forçada a casar-se com um homem que não ama, que a maltrata, tratando-a mais como uma escrava do que como esposa. O marido nutre uma paixão não tão correspondida por Shug Avery (Margaret Avery), uma cantora de Blues e descarrega toda sua frustração em Celie. Celie então escreve cartas, para desfazer-se da solidão e do sofrimento que a cercam. Mal consegue falar, anda de cabeça baixa. Conforme a trama de desenrola, Celie vai conhecendo as mulheres que vivem ao seu redor, se apaixona por Shug e, através da convivência e da sororidade, passa a entender todo o sofrimento que passou durante toda sua vida, levanta a cabeça e passa então a ver o mundo sob outras luzes.
Preciosa (Precious) - 2009
Também baseado em um livro ("Push", escrito por Sapphire em 1996), o filme de Lee Daniels, indicado a 5 Oscars, vencendo 2 deles, se passa em Nova York, no fim da década de 80, no bairro do Harlem, um bairro majoritariamente negro e pobre. Claireece Precious Jones (Gabourey Sidibe) tem 16 anos, é negra, obesa e pobre. Violentada pelo pai e abusada pela mãe, engravida duas vezes. A primeira filha, apelidada de "Mongo" por ser portadora de síndrome de Down, permanece sob os cuidados da avó. Ao engravidar pela segunda vez, Preciosa é suspensa da escola e é levada a outra instituição, onde encontra outras meninas em situações semelhantes a sua, onde também passa a se refugiar da realidade através da imaginação. Cria uma nova vida, um novo mundo, uma nova realidade. Com ajuda da professora Sra. Blu Rain (Paula Patton), Preciosa passa a exteriorizar seus sentimentos, na tentativa de amenizar alguns de seus traumas.
De fato, as lutas das mulheres negras por equidade se desenvolve ao longo dos séculos e devemos reconhecer que têm sido parte fundamental dos amplos segmentos que constroem cotidianamente o Brasil como nação. Ainda que violentamente invisibilizadas – pois atuam num contexto de racismo e sexismo – colocam à disposição da sociedade séculos de lutas, de pensamento a serviço da ação transformadora. Em seu horizonte, uma sociedade sem iniquidades, sem racismo, sexismo, sem as desigualdades de classe social, de orientação sexual, de geração ou de condição física e mental, entre muitas outras. - Apresentação do livro "Mulheres Negras: um Olhar sobre as Lutas Sociais e as Políticas Públicas no Brasil"
#SemanadeLutadasMulheres. Comente, compartilhe, faça sugestões, opine, participe.
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