Nos últimos três meses a grande mídia vem noticiando arduamente os protestos populares que estão acontecendo na Ucrânia. É noticiado que milhares estão nas ruas lutando contra a corrupção do governo, seus desmandos, a influência russa no país e o mais importante: a recusa do governo ucraniano em entrar para a União Europeia. Nas últimas semanas os protestos se intensificaram, os manifestantes ocuparam diversos prédios públicos e a Praça da Independência, no centro de Kiev. Nessa ultima semana chegou ao ponto de montarem barricadas e enfrentarem a polícia ucraniana, com o saldo de mais 40 mortos.
Os “principais lideres” das “mobilizações populares” até então, são Viktor Juscenko do partido Bloco Nossa Ucrânia/ Autodefesa popular e Julia Tymosenko do Partido da Pátria/Bloco Eleitoral. Tudo começou depois que o presidente Viktor Jankovic anunciou em rede nacional que as negociações com a UE haviam terminado, portanto postergando a entrada da Ucrânia no bloco.
Foram semanas de protestos, chegando ao ponto de ter mais de 200 mil pessoas concentradas na praça da independência para protestar contra o presidente e o primeiro ministro e exigindo a entrada do país na UE. Então, eis a pergunta: qual seria o por que dessas manifestações? Uma vez que grande parte dos países da U.E estão em crise há mais de três anos e muitos, hoje, já discutem se é vantajoso continuar no bloco, como Portugal e Grécia, além da crescente influência alemã nos rumos da U.E. Por que então a Ucrânia deveria entrar?
É fato que a grande mídia burguesa ucraniana e a oposição convenceram parte da população, principalmente a juventude, de que a entrada na U.E era a porta para o mundo dos sonhos: emprego, consumo, passaporte para países da Europa ocidental etc. É fato também que a situação econômica ucraniana é extremamente problemática, pra se ter uma ideia, o salário mínimo na Ucrânia é um dos menores na Europa, fica atrás do da Rússia e da Bielorrússia, principais parceiros comerciais, o que levaria grande parte da população a acreditar na cantilena do “mundo das maravilhas” da UE e ir para as ruas. Existe um fato curioso nesse processo: a maioria da população que está nos protestos é advinda da região Oeste da Ucrânia, região que “se sente” mais europeia e é radicalmente contra a Rússia.
Todavia o mais curioso nesse processo é a “visita espontânea” de dois senadores norte americanos John McCain e Chris Murphy a Ucrânia, no ápice das manifestações. Por que será? Outro fato curioso é a relação do partido de Julia Tymosenko com a ONG norte-americana “Freedom House”, e para piorar a situação, Tymosenko atualmente está presa por fraude na receita pública. Já é claro também, a participação de neonazistas nos protestos ucranianos. O partido Svoboda concentra a maioria deles, em geral são os grandes causadores de violência e desordem. Na atual conjuntura eles estão servindo de vanguarda nos protestos contra o governo, são racistas, xenófobos e advém de apoiadores da invasão nazista a Ucrânia na II Guerra Mundial. Pra se ter uma ideia, no início de fevereiro, o partido organizou uma marcha com cerca de 15 mil pessoas com tochas de fogo na mão, marchando pela cidade de Lviv em memória do líder fascista ucraniano Stepan Bandera.
Como é sabido, a Ucrânia fica numa região estratégica, bem perto do Cáucaso, região rica em petróleo, possui um dos maiores exércitos da Europa; o país possui 12 usinas nucleares, é atravessado por tubulações de gases russos para abastecer os países da Europa Ocidental. A Ucrânia é um dos países do mundo que mais tem terras férteis, o que geraria milhões de grãos para abastecer a Europa. Para completar a situação, a Rússia possui diversos investimentos na Ucrânia, mas também a base naval militar de Sebastopol (cidade litorânea voltada para o mar negro).
De certa maneira fica evidente o interesse norte-americano e da Alemanha, na forma da UE, na região; ter controle da Ucrânia é ter controle da entrada e saída de gás natural para Europa Ocidental, confrontar o poder russo na região, ter controle da base de Sebastopol no mar negro, influenciar no Cáucaso e controlar umas das regiões mais férteis do mundo. Por isso incitam a oposição direitista e pró-americana na Ucrânia e se aproveitam situação econômica e da população, principalmente o partido fascista Svoboda. Isso fica claro, como foi mostrado acima, com a “visita espontânea” dos senadores norte-americanos e o total apoio que esse país dá aos “manifestantes”. Não que a Rússia seja um exemplo de cooperação e de amizade. Os russos também tem lá seus interesses e negócios na Ucrânia, talvez os mesmos que os Europeus e Norte Americanos.
No final de tudo quem mais sofre é o povo ucraniano, usado como massa de manobra para os interesses espúrios de duas potências mundiais e por grupos de extrema direita neonazistas.
A partir destas analises, o CAHIS entende que é preciso que o povo ucraniano se conscientize e lute por seus direitos e sua emancipação, tanto contra o Estado repressor pró Rússia, tanto quando os direitistas entreguistas pró EUA e mais ainda contra a besta neonazista do Svoboda.
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