segunda-feira, 28 de abril de 2014

CAHIS indica: "Contra o racismo nada de bananas, nada de macacos, por favor!"

Contra o racismo nada de bananas, nada de macacos, por favor!

A comparação entre negros e macacos é racista em sua essência. No entanto muitos não compreendem a gravidade da utilização da figura do macaco como uma ofensa, um insulto aos negros.

Encontrei essa forte história num artigo sensacional que li dia desses, e que também trazia reflexões de James Bradley, professor de História da Medicina na Universidade de Melbourne, na Austrália. Ele escreveu um texto com o título “O macaco como insulto: uma curta história de uma ideia racista”. Termina o artigo dizendo que “O sistema educacional não faz o suficiente para nos educar sobre a ciência ou a história do ser humano, porque se o fizesse, nós viveríamos o desaparecimento do uso do macaco como insulto.”

Não, querido Neymar. Não somos todos macacos. Ao menos não para efeito de fazer uso dessa expressão ou ideia como ferramenta de combate ao racismo.

Mas é bom separar: Uma coisa é a reação de Daniel Alves ao comer a banana jogada ao campo, num evidente e corriqueiro ato racista por parte da torcida; outra coisa é a campanha de apoio a Daniel e de denúncia ao racismo, promovida por Neymar.

No Brasil, a maioria dos jogadores de futebol advém de camadas mais pobres. Embora isso esteja mudando – porque o futebol mudou, ainda é assim. Dentre esses, a maioria dos que atingem grande sucesso são negros. Por buscarem o sonho de vencer na carreira desde cedo, pouco estudam. Os “fora de série” são descobertos cada vez mais cedo e depois de alçados à condição de estrelas vivem um mundo à parte, numa bolha. Poucos foram ou são aqueles que conseguem combinar genialidade esportiva e alguma coisa na cabeça. E quando o assunto é racismo, a tendência é piorar.

E Daniel comeu a banana! Ironia? Forma de protesto? Inteligência? Ora, ele mesmo respondeu na entrevista seguida ao jogo:

“Tem que ser assim! Não vamos mudar. Há 11 anos convivo com a mesma coisa na Espanha. Temos que rir desses retardados.”

É uma postura. Não há o que interpretar. Ele elaborou uma reação objetiva ao racismo: Vamos ignorar e rir!

Há um provérbio africano que diz: “Cada um vê o sol do meio dia a partir da janela de sua casa”. Do lugar de onde Daniel fala, do estrelato esportivo, dos ganhos milionários, da vida feita na Europa, da titularidade na seleção brasileira de futebol, para ele, isso é o melhor – e mais confortável, a se fazer: ignorar e rir. Vamos fazer piada! Vamos olhar para esses idiotas racistas e dizer: sou rico, seu babaca! Sou famoso! Tenho 5 Ferraris, idiota! Pode jogar bananas à vontade!

O racismo os incomoda. E os atinge. Mas de que maneira? Afinal, são ricos! E há quem diga que “enriqueceu, tá resolvido” ou que “problema é de classe”! O elemento econômico suaviza o efeito do racismo, mas não o anula. Nesse sentido, os racistas e as bananas prestam um serviço: Lembram a esses meninos que eles são negros e que o dinheiro e a fama não os tornam brancos!

Daniel Alves, Neymar, Dante, Balotelli e outros tantos jogadores de alto nível e salários pouca chance terão de ser confundidos com um assaltante e de ficar presos alguns dias como no caso do ator Vinícius; pouco provavelmente serão desaparecidos, depois de torturados e mortos, como foi Amarildo; nada indica que possam ter seus corpos arrastados por um carro da polícia como foi Cláudia ou ainda, não terão que correr da polícia e acabar sem vida com seus corpos jogados em uma creche qualquer. Apesar das bananas, dificilmente serão tratados como animais, ao buscarem vida digna como refugiados em algum país cordial, de franca democracia racial, assim como as centenas de Haitianos o fazem no Acre e em São Paulo.

O racismo não os atinge dessa maneira. Mas os atinge. E sua reação é proporcional. Cabe a nós dizer que sua reação não nos serve! Não será possível para nós, negras e negros brasileiros e de todo o mundo, que não tivemos o talento (ou sorte?) para o estrelato, comer a banana de dinamite, ou chupar as balas dos fuzis, ou descascar a bainha das facas. Cabe a nós parafrasear Daniel, na invertida: “Não tem que ser assim! Nós precisamos mudar! Convivemos há 500 anos com a mesma coisa no Brasil. Temos que acabar com esses racistas retardados, especialmente os de farda e gravata”.

Quanto a Neymar, ele é bom de bola. E como quase todo gênio da bola, superacumula inteligência na ponta dos pés. Pousa com seu filho louro, sem saber que por ser louro, mesmo que se pendure num cacho de bananas, jamais será chamado de macaco. A ofensa, nesse caso, não fará sentido. Mas pensemos: sua maneira de rechaçar o racismo foi uma jogada de marketing ou apenas boa vontade? Seja o que for, não nos serve.

Sou negro, nascido em um país onde a violência e a pobreza são pressupostos para a vida da maior parte da população, que é negra. Querido Neymar – mas não: Luciano Hulk, Angélica, Reinaldo Azevedo, Aécio Neves, Dilma Rousseff, artistas e a imprensa que, de maneira geral, exaltou o “devorar da banana” e agora compartilham fotos empunhando a saborosa fruta, neste país, assim como em todo o mundo, a comparação de uma pessoa negra a um macaco é algo culturalmente ofensivo.

Eu como negro, não admito. Banana não é arma e tampouco serve como símbolo de luta contra o racismo. Ao contrário, o reafirma na medida em que relaciona o alvo a um macaco e principalmente na medida em que simplifica, desqualifica e pior, humoriza o debate sobre racismo no Brasil e no mundo.

O racismo é algo muito sério. Vivemos no Brasil uma escalada assombrosa da violência racista. Esse tipo de postura e reação despolitizadas e alienantes de esportistas, artistas, formadores de opinião e governantes tem um objetivo certo: escamotear seu real significado do racismo que gera desde bananas em campo de futebol até o genocídio negro que continua em todo o mundo.

Eu adoro banana. Aqui em casa nunca falta. E acho os macacos bichos incríveis, inteligentes e fortes. Adoro o filme Planeta dos Macacos e sempre que assisto, especialmente o primeiro, imagino o quanto os seres humanos merecem castigo parecido. Viemos deles e a história da evolução da espécie é linda. Mas se é para associar a origens, por que não dizer que #SomosTodosNegros? Porque não dizer #SomosTodosDeÁfrica ? Porque não lembrar que é de África que viemos, todos e de todas as cores? E que por isso o racismo, em todas as suas formas, é uma estupidez incompatível com a própria evolução humana? E, se somos, por que nos tratamos assim?

Mas não. E seguem vocês, “olhando pra cá, curiosos, é lógico. Não, não é não, não é o zoológico”.

Portanto, nada de bananas, nada de macacos, por favor!

Transcrição adaptada de: http://negrobelchior.cartacapital.com.br/2014/04/28/contra-o-racismo-nada-de-bananas-por-favor/

quinta-feira, 24 de abril de 2014

CAHIS indica: Mostra UFRJ de Cinema Árabe




Evento acontece de 25 a 28 de abril com exibição de filmes, apresentação de dança e debates com a temática do mundo árabe. Mais informações em: www.forum.ufrj.br

terça-feira, 22 de abril de 2014

Homenagem: Aniversário de nascimento de Lênin


Há 144 anos nascia um dos maiores, quiçá o maior, teórico da práxis revolucionária que o século XX conheceu. Nascido Vladimir Ilitch Uliánov, Lênin como ficou conhecido, foi o líder da grande revolução de Outubro na Rússia, pela primeira vez na história um governo declaradamente socialista se consolidava no mundo. Ainda no final do século XIX Lênin já se entregava a militância revolucionária, papel que manteve até sua morte em 1924.

Lênin não só foi um grande revolucionário, mas também se debruçou sobre o estudo da teoria e da prática revolucionária, assim como da criação de uma organização revolucionária que pudesse elevar a consciência das massas e com ela caminhar para a revolução socialista sendo assim dizia que “a teoria sem a prática nada vale, a prática sem teoria é cega”

Ilitch, como era chamado por sua companheira, a revolucionária Nadezda Krupskaja, escreveu diversos livros sobre a práxis revolucionária, o mais conhecido e profundo deles, “O Estado e a Revolução”, influenciou gerações ao longo do século XX e ainda continua a influenciar. Escrito nos anos finais de 1917 ao início de 1918, após a Revolução de Outubro; o livro aborda a questão do processo revolucionário, da ruptura com o Estado burguês e a tarefa dos revolucionários e o papel do proletariado na frente a revolução. Em grande medida o livro ainda é atual, nos mostrando diversos problemas candentes e teóricos do processo histórico. 

Apesar de atualmente, o conceito de imperialismo ser, erroneamente, taxado de atrasado, a contribuição de Lenin sobre o assunto sobrevive no tempo. Em sua obra “O imperialismo, Fase superior do Capitalismo”, Ilitch apresenta um quadro analítico da economia capitalista mundial à época, nos demonstrando que o desenvolvimento desse capitalismo e sua tendência a concentração de capital levou essa formação a sua fase mais avançada e superior: O imperialismo.

Nessa fase, de maneira resumida, o capitalismo apresenta algumas características principais: Formação de monopólios econômicos, partilha global entre as associações capitalistas e grandes potências e o acirramento da corrida imperialista pela hegemonia de centros e periferias econômicas. E é justamente tendo essa concepção de imperialismo e, consequentemente, capitalismo que Lenin afirma que a primeira grande guerra é uma guerra imperialista.

Ao colocar o Imperialismo como a fase superior do capitalismo, Lenin, ao pensar nas totalidades contraditórias dessa fase, considera que o imperialismo se encontra na véspera da revolução do proletariado, ou seja, nessa fase do capitalismo é que ocorreria a construção das bases para a transição, através da revolução, ao socialismo. Nesse sentido, após o Imperialismo teríamos o Socialismo.

Talvez a maior contribuição de Lênin seja no que tange a práxis revolucionária dos comunistas, mesmo passado 144 anos de seu nascimento, Lênin se mantém presente pelo exemplo de militante comunista e de teórico revolucionário. Sempre presente!

 “Lenin viveu, Lenin vive, Lenin viverá” - Mayakovski

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Homenagem: Camarada Gabo, PRESENTE!

Expressão do saber latino-americano, o escritor Gabriel Garcia Marques faleceu ontem, dia 17 de abril de 2014, após uma árdua batalha contra o câncer.

Gabo, como era conhecido, foi um dos escritores mais comprometidos com o social de sua época. Extremamente engajado e solidário ao povo latino-americano e à revolução Cubana, ele foi capaz de mostrar em suas páginas o reflexo e ao mesmo tempo, as utopias de nós, latino-americanos ao aliar em sua obra "o fantástico e o real na complexidade rica de um universo poético refletindo a vida e os conflitos de um continente".

Com sua morte, é deixado um vazio na literatura latino-americana. A América, hoje, entra em cem anos de solidão. Toda solidariedade e homenagem ao companheiro socialista Gabriel García Márquez.

Camarada Gabo, presente!


Opinião: Sobre a desocupação da Favela da TELERJ

Na semana passada tivemos mais um episódio que vem se tornando comum nos últimos anos, no Rio de Janeiro, nos governos de Paes e Cabral. Uma ocupação urbana conhecida como "Favela da TELERJ", localizada no Engenho Novo, zona norte do Rio de Janeiro, foi brutalmente expulsa pela Polícia Militar, sem sequer indício de diálogo. 

O espaço ocupado, é uma área pública, que pertenceu a empresa estatal de telefonia TELERJ, mas que foi privatizada passando a se chamar Telemar, e depois Oi. A Oi por ter a concessão do Estado, tinha a possibilidade de usufruir do local, mas não o fez em nenhum momento, o deixando abandonado durante anos. Isso fere um princípio da Constituição Federal , que é o de que toda propriedade deve atender a uma função social. 

Em julho de 2012, durante campanha eleitoral de Paes, o prefeito, a presidente Dilma e o presidente da Oi assinaram um compromisso em que no terreno seriam construídas mais de 2.000 casas populares para atenderem a população de baixa renda local (conforme mostra reportagem jornal o dia). No entanto a construção das habitações não foi concretizada, e nem as promessas de alugueis sociais e de cadastros das famílias no programa "Minha Casa, Minha Vida" aconteceu.

Depois de dois anos enganados, os moradores criaram então uma ocupação urbana no local. A Favela da TELERJ, como é conhecida, é composta por gente que vive no extremo da pobreza, não tendo sequer um teto pra dormir, e recorrendo a construção de barracos de madeiras para suprir a necessidade de moradia. De repente, a Oi exige o direito de uma propriedade que deixou de lado, que não cumpria função social alguma, e é prontamente atendida da pior forma possível: uma intervenção da Polícia Militar, nos moldes violentos que conhecemos, com bombas e destruição de pertences dos pobres moradores da Favela da TELERJ. 



Devemos nos perguntar: estas famílias que ocuparam o terreno e hoje aguardam a Prefeitura por alguma solução devem ser culpabilizadas por tal ato? Mesmo ainda depois de serem enganadas com falsas promessas? Em uma cidade que vem cada vez mais alavancando um projeto excludente, de especulação imobiliária, em que o número de propriedades vazias é tão alto quanto o número de pessoas sem casas, ou seja, onde morar é um privilégio de alguns, ocupar deve ser um direito!

terça-feira, 15 de abril de 2014

CAHIS Informa: Reforma Estrutural da Sede

Material para a reforma
Como prometido na campanha do CAHIS de 2014, a reforma estrutural já se iniciou nesta quarta feira (09/04). Iniciamos retirando alguns móveis que se encontravam em ruim estado. Retiramos o sofá, a mesa e o armário, para que possamos abrir espaço para os futuros reparos que serão realizados. 

Dito isto, pedimos a paciência e a compreensão de todos os estudantes. Os possíveis transtornos serão sanados em breve com a reforma total do espaço do CAHIS. Pedimos ainda, que os estudantes se juntem a nós na reforma para que ela seja realizada o mais breve possível, marcaremos em breve um mutirão para a limpeza e pintura da sede do C.A. Essa reforma, mais do que uma simples reformulação de estrutura, vem munida de um projeto, iniciado a alguns anos, de valorização da graduação. 

Compreendemos também a importância dos espaços comuns da Universidade para lazer, descanso e confraternização entre os estudantes, pois entendemos que a nossa formação também perpassa por esses momentos de integração. Por isso, pedimos também a colaboração de todxs xs estudantes para a manutenção do espaço, pois esta é uma tarefa de todxs e não só da Gestão do Centro Acadêmico.

terça-feira, 1 de abril de 2014

#50anosdoGolpe: Guerrilha e Luta - A resistência armada

                                                                   

Durante os anos de chumbo da ditadura militar, inúmeros brasileiros optaram por não se resignar e combateram o governo. Foram estudantes, militantes, políticos, e até mesmo alguns membros das forças armadas que iniciaram atividades de guerrilha armada como forma de resistência, a fim de acabar com a ditadura, a repressão, a tortura, e visando o restabelecimento da democracia no Brasil.


Dentre estes muitos heróis nacionais destacamos alguns nomes importantes a serem lembrados como: Carlos Lamarca ( na foto ao lado) , capitão do exército brasileiro, que desertou das Forças Armadas em 1969 por não concordar com o golpe militar e tornou-se um dos comandantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR ), assassinado pela repressão dois anos depois. Carlos Marighella, membro do Partido Comunista Brasileiro, e que após o golpe decidiu romper com o partido, engajando-se na luta armada e fundando a Aliança Libertadora Nacional ( ALN ), sendo assassinado por agentes do DOPS numa emboscada em São Paulo. Para muitos a ALN foi a organização de guerrilha brasileira melhor estruturada. O único comandante ainda vivo dela, é Carlos Eugênio Paz, conhecido como " Comandante Clemente ", que teve que viver 8 anos no exílio, na França. Não podemos esquecer também de outros dois movimentos importantes da luta armada, a Guerrilha do Araguaia ( criada por membros do PC do B ), no norte do Brasil e a Guerrilha do Caparaó ( promovida pelo MNR), na divisa entre Minas Gerais e Espírito Santo.

Para conhecer melhor a vida e história de luta de Marighella, sugerimos o documentário "Marighella: Retrato Falado de um guerrilheiro" de Silvio Tendler.



Embora muitos revisionistas queiram relativizar as atividades de guerrilha e luta armada, acusando-os de terroristas, sequestradores e etc, não há como comparar a resistência a um Estado opressor e de exceção com os crimes que este próprio Estado cometeu. Parafraseando Sobral Pinto " o sequestro é o habeas corpus que nos tiraram".

O CAHIS UERJ relembra esses e todos os outros brasileiros corajosos, que pegaram em armas e arriscaram suas vidas em nome do país e da democracia. Esses brasileiros pagaram caro, muitos com suas vidas, enquanto militares torturadores vivem bem, impunes e recebendo pensão do governo até hoje.

"A única luta que se perde é aquela que abandona" - Marighella