quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Algo sobre a TV pública em comparação ao oligopólio das TVs comerciais

GRANDE IMPREN$A TEM PAVOR DA TV PÚBLICA

Há tempos eu pensava em escrever sobre a TV Brasil, mas hoje (17/11/2009, 23:30) senti urgência nisso. O excelente “Observatório da Imprensa” (terças, 23:00) teve como tema a Venezuela. Um dos maiores defensores da liberdade de imprensa no Brasil, Alberto Dines comentou a relação da imprensa venezuelana com o Presidente Hugo Chávez. Entre vários comentários, imagens do documentário “A Revolução Não Será Televisionada” e depoimentos de jornalistas venezuelanos, os telespectadores que deixaram de assistir “Toma Lá Dá Cá” no canal 4, Superpop no canal 6 e enlatados nos canais 7, 11 e 13 puderam conhecer uma Venezuela muito diferente da “ditadura” mostrada nos jornais da TV Globo. O programa mostrou a conjuntura do país que, de uma democracia burguesa onde se revezavam os mesmos opressores, passou a ter o povo mais consciente de seus direitos na América do Sul. Enquanto isso, a “impren$a burgue$a”, voz das elites, viu que o novo governo passou a pensar nos pobres. Seus colegas da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP, órgão dos barões da imprensa com sede em Miami) exportam essas críticas com medo de que o exemplo bolivariano se espalhe.

Um programa como esse só poderia ter sido exibido em uma emissora sem ligação com o grande capital. Aí está o grande serviço que a televisão pública proporciona ao não depender de empresários ou de publicidade. Assistir a TV Brasil é ver que o Brasil não é só São Paulo, que existe mais cultura do que Faustão, um noticiário com outra linha editorial, onde não existe Ali Kamel nem Willian Bonner. Alvo de críticas desde sua estréia, em 2007, agora se entende porque a TV pública é temida pelos barões da mídia.

HISTÓRIA: A TV Brasil surge no canal 2 (canal 32 da Zona Oeste), ocupado antes pela TVE. Criada pelo educador Gilson Amado e encampada pela Ditadura, a TV Educativa teria por objetivo emitir programação educativa e cultural, mantida por verbas públicas. Em seu serviço de deseducar o povo, a Ditadura nunca deixou a TVE se desenvolver, tirando verbas e sucateando os equipamentos. Nos anos 1970, a Globo chegou a financiar e ceder o elenco do “Sítio do Pica-Pau Amarelo”, com duas condições: o episódio iria ao ar duas vezes no canal 4 e somente um mês depois seria exibido no canal 2; e a programação da TVE nunca poderia ultrapassar os dois pontos no IBOPE. Existia ainda um “acordo” que obrigava a TVE a abrir sua programação somente às 16:00, enquanto a Globo entrava no ar às 07:45 e os outros canais começavam a transmitir no final da manhã. A torre não recebia manutenção, e o sinal da TVE mal chegava aos subúrbios. Os programas, geralmente reprises, eram mal produzidos, não gerando atrativos.

Nos anos 1980, a TVE virou “cabide de empregos”, aonde as indicações políticas chegaram a fazer da emissora mera exibidora de solenidades do Governo Federal e das Forças Armadas. Nos poucos momentos em que a TVE foi dirigida por gente competente, surgiram grandes sucessos, como “Sem Censura” e “Canta Conto”, que chegavam à vice-liderança de audiência. Tão logo ameaçavam a Globo, a programação piorava. A TVE passou a década de 1990 dividindo a programação entre eventos governistas e retransmissões da TV Cultura-SP.

Depois de 2001, a programação melhorou, a TVE voltou a ser assistida e revelar talentos. Nasce o projeto da TV pública brasileira, que surgiu sob pesadas críticas em 01/12/2007, com a TV Brasil. A emissora se mantêm independente do Governo Federal ao manter um Conselho Diretor formado por várias pessoas das mais diferentes atividades. Se a TV Brasil não é perfeita, pelo menos oferece algo muito diferente do que o Marinho, o Dallewo, o Saad, o Abravanel e o Macedo impõem na TV.
Bruno Peres
6° Período - Noite

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