Imaginemos
um cidadão passando pelas ruas do Centro do Rio de Janeiro. O sujeito é
abordado por “agentes de segurança”, que pedem sua Carteira de Trabalho. Ao ver
que no documento não consta nenhuma atividade formal exercida no momento, o
sujeito é brutalmente encaminhado para um Centro de Detenção, por cometer o
delito de vadiagem. Agora imaginemos outra situação: um cidadão qualquer está
exercendo seu direito constitucional de protestar e de greve. Em sua mochila
estão diversos objetos que fazem parte de sua rotina, como livros e
equipamentos profissionais, como câmera fotográfica. Então, após uma abordagem
realizada pelos “agentes de segurança”, uma pedra misteriosamente surge. Não
basta ao sujeito se indignar por tal objeto ter “surgido” em sua posse, ele
também tem que sentir na pele o que é ser autuado pelo crime de formação de
quadrilha, mesmo que junto a pessoas com as quais ele sequer tenha conversado.
Os dois
exemplos não pertencem a um mesmo período: o primeiro ilustra a realidade dos
jovens durante a Ditadura Militar, o segundo ilustra o nosso presente, no qual
o Estado “democrático de direito” persegue com gradual violência e injustiça
aqueles que denunciam as mazelas sociais e se opõem aos absurdos cometidos
pelos governos para poucos. As páginas da mídia tendenciosa tentam cometer o
absurdo de camuflar as arbitrariedades que estão sendo cometidas e criminalizar
os movimentos sociais, assim como dar legitimidade à repressão violenta e às
prisões políticas. A História se repete.
Nós da
Gestão Filhos da Pública do Centro Acadêmico de História da UERJ repudiamos
veementemente as atitudes arbitrárias e a violenta repressão cometidas por
policiais contra os manifestantes durante os atos populares que vêm ocorrendo
em nosso estado e outras cidades do país. Repudiamos especialmente as mais de
80 prisões políticas após a noite de 15 de outubro, durante o ato pelo Dia do
Professor, em que a população mais uma vez reivindicou educação pública de
qualidade e defendeu os professores grevistas contra a intransigência das
secretarias de educação municipal e estadual. Tal postura autoritária do Estado
nada mais é do que um atentado à democracia e uma negação à Constituição ao
prontamente enviar para presídios manifestantes, muitos dos quais tiveram
“provas” forjadas e outros que sequer participaram dos atos, penalizados pelo
“azar” de estarem em um local onde havia a necessidade de aumentar a quantidade
de injustiçados por parte da repressão, pelo que parece. Solicitamos também que
todos os casos de desvio de conduta de policiais sejam efetivamente analisados
e penalizados, pois o que testemunhamos durante tal noite foi uma imensidão de
casos de abuso de autoridade, agressão física e até mesmo utilização de armas
letais contra manifestantes, tendo um desses disparos sido efetuado em direção
a diretores de nosso Centro Acadêmico.
Desta
forma, manifestamos não somente nossa indignação com tais posturas
autoritárias, como também prestamos nossa solidariedade e apoio aos presos
políticos e seus familiares, e convocamos todos os estudantes do curso a se
juntarem às massas que clamam pela educação pública de qualidade, pela justiça
social e pelo direito democrático de se indignar.
PELA EDUCAÇÃO PÚBLICA DE QUALIDADE!
PELO FIM
DA REPRESSÃO!
PELA LIBERDADE DE NOSSOS PRESOS
POLÍTICOS!
Muito bom, camaradas. Parabéns! Seguiremos adiante, marcharemos e passaremos por cima da corja fascista que assola nossa "democracia".
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