Na ultima quinta-feira, dia 18/09/2014, uma aluna do curso de História e diretora do CAHIS-UERJ, foi agredida em festa realizada na UERJ. Segue abaixo um escrito sobre a agressão:
"Nós não estávamos mais juntos, porém mantínhamos a amizade porque temos um filho, também. Nos falamos normalmente, ele pra um canto, eu pro outro. Ele já estava bem bêbado, segundo ele mesmo me dissera. Procurei não ficar com ninguém para não magoá-lo, sei lá porquê, acho que porque era um princípio meu.
Logo depois de ouvir que ele estava com 2 meninas, eu o vi beijando outra, logo, me senti na liberdade de curtir minha choppada também, e fiquei com outro cara. Mesmo assim, me reservei, mas uma vez com a intenção de não ferí-lo. Ele desapareceu. Já era o fim da recepção quando fui no banheiro com dois amigos. Quando voltava pro corredor da concha, só senti uma mão se emaranhar no meu cabelo por trás, puxando dolorosamente e me arrastando, dizendo:
- Me lembra de nunca mais te respeitar, sua vagabunda!
Ele me atirou no chão, mas consegui me equilibrar. Quando ele veio pra me bater, meu amigo o deteve. E ele continuou, de longe, a me chamar de todos os nomes imagináveis pra situação.
Ele tinha ferido outro colega nosso na tentativa de me caçar. Segundo ele, era um absurdo eu ficar com um "conhecido" dele - afinal, nós estudamos no MESMO curso, com os MESMOS amigos, logo sou proibida de me interessar por alguém do meu próprio círculo. Se eu estava com alguém, eu merecia apanhar. Era aquilo que ele dizia, era aquilo que ele tentava me convencer. Tudo que ele falava e como ele agia era pra me culpar pelo que estava acontecendo. E não, NÃO foi culpa minha.
Eu entrei em choque. Fiquei apavorada. Só conseguia repetir "ele vai me bater, ele vai me bater mais". E relembrava a primeira vez que ele me agrediu, quando eu ainda estava GRÁVIDA. Era uma mistura da dor e humilhação que eu senti na hora e as lembranças do que já havia acontecido uma vez. E eu fugi. Saí correndo sem olhar pra trás, como se fugisse de um assalto. Foi humilhante. Me senti diminuída, me senti pequena, tive medo, tive vergonha... Todos os que estavam na concha presenciaram aquela cena. Ele me arrastando pelo cabelo como se eu fosse um animal de sua posse.
POSSE. Esse é o principal. Ele se sentiu no direito de me agredir, porque se achava meu dono. Se achou no direito de me punir por qualquer coisa que eu tivesse feito, me culpando pelo que ele tava fazendo comigo. Se eu não tivesse meus amigos ali, não sei o que aconteceria, como reagiria. Provavelmente, iria apanhar muito mais.
Na minha mente só martelava: fui agredida e todo mundo viu. TODO MUNDO VIU.
Depois da sensação de humilhação, de detrimento, de fragilidade perante uma situação de puro machismo, eu quero que todos saibam. A agressão foi um público, ele não teve nenhum problema em me agredir numa festa na frente de todo mundo. Eu não posso me silenciar, eu preciso falar.
Quero que todas as mulheres vejam que não estão sozinhas. E que, diferentemente do que meu agressor tentou me fazer crer, nós NÃO SOMOS CULPADAS".
O CAHIS-UERJ repudia toda e qualquer atitude machista e misógina. Repudiamos sobretudo a agressão do aluno em questão, que também é de História. Tal atitude não passará impune. Machismo e misoginia não passarão!
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