domingo, 4 de dezembro de 2011

Doutor Sócrates não morreu, deu um até logo de calcanhar.

Magrão, como era conhecido entre os amigos, construiu no Corinthians dos anos 80 o que jamais foi visto em clube algum na história: uma Democracia plena e direta. Na "democracia corintiana", como era conhecido o clube nesse período, todos participavam das decisões sobre tudo relacionado ao futebol, o peso do voto do diretor, tinha o mesmo peso de voto do roupeiro. Sócrates nunca se omitiu em expressar suas opiniões políticas de esquerda, mesmo que isso lhe custasse caro e atrapalhasse sua carreira. Em tempos em que se discute a Copa do Mundo no Brasil e que jogadores com visibilidade e influência sobre o povo como Ronaldo entram para o comitê organizador, lembrar e saudar a memória de Magrão significa protestar contra todo tipo de "roubalheira" e "farra" com o dinheiro público. Significa protestar contra a atitude de Ronaldo, que quando perguntado se os bilhões investidos na copa não serviriam mais ao povo se fosse aplicado em hospitais e escolas e sua resposta foi que o futebol não precisa de hospitais.

Socrátes foi tudo o que os clubes, a CBF e os poderosos desse país não querem de um jogador de futebol. Politizado, sincero e popular. Para aqueles que fazem do futebol um negócio, o importante é que os jogadores sejam como são. Extremamente burros, alienados, não falando coisa com coisa. São mercadorias vendidas no mercado (quantas vezes não falamos, o time tal "comprou" o jogador fulano?). Numa sociedade de uma maioria esmagadora de pobres e excluídos apaixonados por futebol, jogadores com consciência política seriam um perigo tremendo. Obrigado Doutor Sócrates pelo seu futebol genial e seu caráter sem igual!

Contudo, nosso humilde Centro Acadêmico deixa a seguinte máxima:

"O Doutor Sócrates não morreu, nem morrerá, deu apenas um até logo de calcanhar."




Um comentário:

  1. Sensacional!!!

    Ele havia sido convidado para treinar a Seleção de Cuba, havia aceitado, pouco antes de adoecer.

    Uma perda inestimável para a consciência do Futebol!

    Pedro G.P.

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