segunda-feira, 1 de março de 2010

O caso do cubano que fez greve de fome: O QUE A GLOBO E A VEJA ESCONDEM

Comentários sobre Orlando Zapata Tamoyo, preso comum que virou ídolo da reação internacional por sua greve de fome. Confira as informações que a "grande impren$a" confiscou da opinião pública brasileira.

Texto transcrito integralmente de http://www.granma.cu/portugues/2010/marzo/lun1/para-quem-util-morte.html

Para quem é útil a morte?
ENRIQUE UBIETA GONZÁLEZ

A contra-revolução cubana possui uma carência de mártires proporcional à sua falta de escrúpulos. É difícil morrer em Cuba, não porque tenhamos uma expectativa de vida semelhante à do Primeiro Mundo — ninguém morre pela fome, apesar da carência de recursos, nem de doenças curáveis — mas porque cá impera a lei e a honra. Os mercenários cubanos podem ser detidos e julgados segundo as leis vigentes — aliás, em nenhum país podem ser violadas as leis. Por exemplo, nos Estados Unidos, receber dinheiro e colaborar com a embaixada de um país considerado como inimigo pode acarretar severas sanções de privação da liberdade — mas eles sabem mesmo que em Cuba ninguém desaparece nem é assassinado pela polícia. Não existem "escuros recantos" para interrogatórios "não-convencionais" para presos-desaparecidos, como os de Guantánamo ou os de Abu Ghraib. E ainda, a gente entrega sua vida por um ideal que dá prioridade à felicidade dos demais, não por um ideal que dá prioridade à própria vida.

Porém, nas últimas horas, algumas agências de imprensa e alguns governos se apressaram a condenar Cuba pela morte na prisão, em 23 de fevereiro passado, do cubano Orlando Zapata Tamayo. Qualquer morte é dolorosa e lamentável. Mas a notícia que a mídia ecoa, leva uma espécie de entusiasmo: Até que em fim — parece dizer — surgiu um "herói". Portanto, é preciso explicar brevemente, sem qualificativos desnecessários, quem foi Zapata Tamayo. Apesar de toda a maquilhagem, se trata de um preso comum que iniciou a sua atividade delituosa em 1988. Julgado pelos delitos de "violação de domicílio" (1993), "lesões menos graves" (2000), "estafa" (2000), "lesões e posse de arma branca" (em 2000 provocou feridas e fratura linear no crânio ao cidadão Leonardo Simón, empregando um machete), "alteração da ordem" e "desordem pública" (2002) entre outras causas, nada ligadas à política. Em 9 de março de 2003, foi libertado sob caução e no dia 20 desse próprio mês cometeu um novo delito. Tendo em conta os seus antecedentes e condição penal, desta vez foi condenado a três anos de prisão, mas, nos anos seguintes, a sentença inicial foi se ampliando de forma considerável, por causa de sua conduta agressiva na prisão.

Na lista dos chamados presos políticos, elaborada em 2003 pela manipulada e já desaparecida Comissão de Direitos Humanos da ONU, para condenar Cuba, o nome de Tamayo não aparece — tal como afirma, a agência Efe, sem ter verificado os fatos e as fontes — apesar de que sua detenção se produziu na mesma época da dos mercenários. Caso ter existido uma intencionalidade política prévia, Tamayo não teria sido libertado onze dias antes. Ávidos de incluir o maior número de elementos supostos ou reais nas fileiras da contra-revolução, por um lado, e por outro lado, convicto das vantagens materiais que representava uma "militância" atiçada pelas embaixadas estrangeiras, Zapata Tamayo adotou um "perfil político", numa época em que seu cadastro penal já era extenso.

Atuando no novo papel, foi estimulado uma e outra vez por seus mentores políticos a iniciar greves de fome, as quais foram enfraquecendo definitivamente seu organismo. A medicina cubana o assistiu. Nos diferentes hospitais onde foi tratado existem especialistas muito qualificados, aos que se acrescentaram outros de diferentes centros — os quais não pouparam recursos para o seu tratamento. Recebeu alimentação por via parenteral. A família foi informada de cada passo. Sua vida foi prolongada durante muitos dias mediante respiração artificial. De tudo o antes exposto existem provas documentais.

Mas existem perguntas sem responder que não são médicas. Quem e por quê estimularam Zapata a manter uma atitude que já era evidentemente suicida? A quem convinha sua morte? O desfecho fatal regozija intimamente os hipócritas "doridos". Zapata era o candidato perfeito: um homem "prescindível" para os inimigos da Revolução e fácil de convencer para que teimasse num empenho absurdo e em exigências impossíveis (televisão, cozinha e telefone pessoal na cela) que nenhum dos cabecilhas reais teve o valor de manter. Cada greve anterior dos instigadores tinha sido anunciada como uma morte provável, mas os grevistas sempre desistiam antes de que se produzissem incidentes irreversíveis para a sua saúde. Instigado e alentado a prosseguir até a morte — os mercenários esfregavam as mãos diante dessa expectativa, apesar dos esforços incontáveis dos médicos — o nome de Tamayo é mostrado agora com cinismo, como se fosse um troféu coletivo.

Alguns ficaram à espreita, como abutres — os mercenários do quintal e a direita internacional — perambulando em torno do moribundo. A sua morte virou festim. O espetáculo é nojento. Porque os que estão escrevendo não ficam comovidos perante a morte de um ser humano — num país sem mortes extrajudiciais — mas fazem tremular essa morte quase que com alegria e a utilizam com fins políticos premeditados. Zapata Tamayo foi manipulado e, de certa forma, conduzido à autodestruição de forma premeditada, para satisfazer necessidades políticas alheias. Por acaso esta não é uma acusação contra aqueles que se apropriam agora de sua "causa"? Este caso é conseqüência direta da política assassina contra Cuba, que estimula a emigração ilegal, a desobediência e a violação das leis e da ordem estabelecidas? Lá está a única causa desta morte não desejada.

Mas, por que é que há governos que aderem à campanha de difamação se sabem — porque sabem mesmo — que em Cuba não se executa nem se tortura, nem se empregam métodos extrajudiciais? Em qualquer país europeu pode haver casos —às vezes francas violações de princípios éticos — não tão bem atendidos como o nosso. Alguns, como aqueles irlandeses que lutavam pela sua independência, nos anos oitenta, morreram em meio da indiferença dos políticos. Por que há governantes que esquivam a denúncia explícita do injusto isolamento que sofrem Cinco cubanos nos Estados Unidos por lutarem contra o terrorismo, e se apressam a condenarem Cuba se a pressão da mídia põe em risco a sua imagem política? Já Cuba o expressou numa ocasião: podemos enviar-lhes todos os mercenários e suas famílias, mas nos devolvam os nossos Cinco Heróis. A chantagem política jamais poderá ser usada contra a Revolução cubana.

Esperamos que os adversários imperiais saibam que nossa Pátria jamais poderá ser intimidada, vergada, nem afastada do seu heróico e digno caminho utilizando as agressões, a mentira ou a infâmia.

Fonte: http://www.granma.cu/portugues/2010/marzo/lun1/para-quem-util-morte.html

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