quarta-feira, 31 de março de 2010

Hoje tem debate na UERJ

O LEVANTE DE 1935
Participação dos professores Antônio Edmilson Rodrigues e Marilena Barbosa.
Vale certificado
Quarta-feira, 31 de março, 18:00
UERJ - RAV 94
Realização
CAHIS-UERJ
Gestão FILHOS DA PÚBLICA IV

sábado, 27 de março de 2010

Mais um evento valendo certificado


CONSUN DECIDE O DESTINO DO HUPE/ASSEMBLEIA DO CAHIS/REUNIÃO COM O DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA - QUINTA-FEIRA MOVIMENTADA NA UERJ

Amigos Uerjianos!

Nesta quinta-feira, 25/03/2010, tivemos uma assembleia histórica com mais de 30 alunos pela manhã. No turno da noite o quórum seria ainda maior, não fosse o apagão que ocorreu por volta das quatro horas da tarde em meio a reunião de departamento. Já posso considerar uma vitória o fato de uma assembleia que geralmente tem de 10 a 15 pessoas ter participação maciça de mais de 30 estudantes. No entanto, essa não foi a única guerra do dia. Vencemos também uma grande batalha contra o magnífico reitor, que tentou mais uma vez empurrar, como o centro do universo (seu umbigo), a minuta sobre a privatização do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE).

O CAHIS participou ativamente da manifestação que parou a votação do Conselho Universitário (Consun) levando alguns membros e uma faixa que dizia “Reitor vendilhão, não à privatização”, além de puxar junto com o Centro Acadêmico de Ciências Sociais (CACIS) o que se chamou de Comitê em prol do HUPE. Após a paralisação do Consun fizemos um protesto no aguardo da saído do reitor Ricardo Vieiralves que mais uma vez ficou trancado em uma sala protegida por mais de 15 seguranças da universidade. Enquanto isso muitos gritavam do lado de fora a seguinte frase: “ÔÔ reitor, assim não dá, no rodo não vai passar!”

Às 14:00 horas tivemos uma reunião de departamento tensa que discutiu alguns problemas do curso e do IFCH. Membros da gestão e demais alunos que também participaram da reunião questionaram a falta de professores e salas. O chefe de departamento, Professor André Campos, respondeu todas as perguntas dos alunos afirmando que o substituto dos professores Manoel Salgado e João Gustavo já começarão a dar aulas na semana que vem, entretanto não foi claro ao falar do professor Palomanes e da professora de África que se demitiu após dar uma aula.

Sobre o problema das salas de aula o professor André Campos criticou o espaço do CAHIS que respondeu a altura dizendo que caso se comprove a inatividade do espaço dos estudantes, seríamos os primeiros a ceder nossa sala para as aulas, mas faríamos isso caso a pós-graduação e salas de professores que não tem núcleo ou não produzem nada fossem também cedidas. A discussão se intensificou também quando pedimos a substituição da professora Aspásia Camargo e fomos impedidos de falar.

Por fim conseguimos entregar nossos ofícios e defender o interesse do estudante. As vitórias dessa quinta-feira foram somente o início da batalha. Vencemos o chefe do departamento, o reitor e levando sempre o que o CAHIS considera sua principal bandeira, aquela que extrapola as barreiras da universidade pública, gratuita, laica, de qualidade e num futuro próximo, socialista. Nossa causa maior extrapola tudo isso e chamo todos e todas para ingressarem na luta em favor da EDUCAÇÃO.

GABRIEL PINHEIRO
Aluno 7° período/manhã e noite
Membro da Gestão Filhos da Pública IV

sexta-feira, 26 de março de 2010

Contra a manipulação da imprensa capitalista, em defesa do povo cubano

PROEMINENTES ARTISTAS E INTELECTUAIS EM DEFESA DE CUBA
O arquiteto Oscar Niemeyer, o diplomata e sacerdote Miguel D’Escoto, o filósofo Istvan Meszaros e vários músicos famosos levantam sua voz contra a infame campanha midiática. Organizações solidárias asiáticas rejeitam ingerencismo dos parlamentares europeus

Pedro de la Hoz

A campana midiática desatada nestes dias contra Cuba, achou uma resposta contundente de parte de proeminentes intelectuais e artistas, os quais exigem respeito à soberania da Ilha e fidelidade à estrita verdade em torno a acontecimento manipulados e deturpados por aqueles que pretendem que a nação caribenha recue na história, como foi o caso do Parlamento Europeu.

Dentre as mais recentes adesões à declaração em defesa de Cuba, iniciatica do capítulo mexicano da rede Em defesa da Humanidade, se encontra a do brasileiro Óscar Niemeyer, ícone da arquitetura mundial do século passado; o diplomata, sacerdote nicaraguense e ex-presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, Miguel D’Escoto; o filósofo de origem húngara, Istvan Meszaros; o lutador independentista portorriquenho Rafael Cancel Miranda e o romancista espanhol Juan Madrid.

São coincidentes ao qualificarem a intromissão europeia, “não só um ato ingerencista que reprovamos, em virtude do nosso compromisso com os princípios de não-intervenção e de autodeterminação dos povos”, mas como imposição de “um modelo único de democracia que, por sinal, se mostra cada vez mais insuficiente e questionável”, um grupo de músicos que com suas canções foram sucesso em determinadas épocas: o uruguaio Daniel Vigletti; o dominicano Víctor Víctor; o nicaraguense Luis Enrique Mejía Godoy; os portorriquenhos Roy Brown e Danny Rivera; os argentinos Víctor Heredia e Raly Barrionuevo e o paraguaio Ricardo Flecha.

Vozes honestas e lúcidas dos Estados Unidos — o politicologista Michael Parenti, o realizador Saul Landau, o antropologista James Early e o ensaísta de origem italiana Pero Gleijeses, além do popular ator Danny Glover — assinaram a declaração, que denuncia “o acosso econômico e midiático a que está sendo submetida Cuba, o qual constitui um atentado contra os direitos humanos e políticos de um povo que decidiu tomar um caminho diferente”.
Roy Brown.

Essa mesma convicção foi patentizada pelo cineasta boliviano Jorge Sanjinés, por seu colega mexicano Jorge Fons, pelo romancista argentino Vicente Battista e pelo teatrólogo espanhol Jaime Losada.

Em defesa de Cuba se pronunciaram, ainda, 197 representantes de 20 países da Ásia e do Pacífico, em um encontro de solidariedade efetuado em Vientiane, a capital do Laos. Entre os assistentes se encontravam ministros e deputados de dez nações, os quais rejeitaram a atitude ingerencista dos deputados europeus e argumentaram as razões de Cuba para construir uma sociedade justa e humanista.

TRANSCRITO INTEGRALMENTE DE http://www.granma.cu/portugues/2010/marzo/vier26/artistas.html

quarta-feira, 24 de março de 2010

Assembleia do CAHIS Dia 25/03/2010

O CAHIS fará sua primeira assembleia do ano na quinta-feira, dia 25/03/2010.

Pauta:

· Falta de salas/ infraestrutura do andar
· Falta de professores
· Questão da RAV 92/ Laboratório de informática do IFCH
· Caso “Aspásia Camargo”
· Cancelamento de eletivas à noite
· Cine-clube CAHIS 2010
· Solidariedade com os professores Manoel Salgado e Oswaldo Munteal
· Conjuntura política do curso/ Balanço da calourada

Data: 25/03/2010 (quinta-feira)
Manhã: 10:30 RAV-94
Noite: 19:30 Sede do CAHIS

segunda-feira, 22 de março de 2010

NESSA SEMANA: REUNIÃO DE DEPARTAMENTO

Reunião do Departamento de História
Dia 25/03/2010 às 14 horas Locais: RAV 94

Pauta
1. Resultado dos concursos públicos.
2. Proposta de parceria com Unirio para ensino a distância.
3. Questão do espaço do IFCH.
4. Melhorias de condições de trabalho nas salas de aula e na RAV 94.
5. Afastamentos e licenças.
6. Professores visitantes e voluntários.
7. Assuntos gerais

terça-feira, 16 de março de 2010

Nono em Festa! Dia 20 de Março!


Finalizando a recepção aos calouros 2010, o CAHIS promove junto com os C.A's de Ciências Sociais, Filosofia, Serviço Social e Educação Física, o "Nono em Festa".
Sábado, a partir das 15:00 horas na churrasqueira da UERJ, atrás do haroldinho.

quinta-feira, 11 de março de 2010

CAHIS REPASSA RECADO DO DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

Critérios para concessão de Turmas Especiais


1) A concessão de turmas especiais só será realizada para atender aos alunos que tenham matricula até 2006 e que sejam concluintes. Entende-se por aluno concluinte aquele que precisar de apenas três (3) disciplinas para terminar o curso.
2) A solicitação de turma especial deve vir acompanhada pelo histórico escolar do aluno que deverá estar anexado ao formulário do requente, com as devidas justificativas do pedido.
3) Não serão concedidas autorizações de turmas especiais para disciplinas que estejam sendo oferecidas no semestre em curso.
4) Os horários das turmas especiais encaminhados ao DEP, serão definidos apenas nos dias de semana entre 12:30 e 17:30 hs.
5) Depois de autorizadas pelo DEP e divulgada sua concessão pelo Departamento, os alunos que foram contemplados com estas disciplinas, terão um prazo máximo de dez (10) dias corridos, a contar da data da divulgação pelo Departamento, para procurarem o professor responsável pela turma. Findo este prazo, a ausência do aluno será entendida como desistência a turma cancelada.
6) A divulgação destas turmas será feita pelo Departamento que afixará a lista de alunos e turmas no seu mural de divulgação.
7) Caberá ao professor-coordenador de área distribuir os alunos de turmas especiais entre os professores de sua área.
8) estes critérios serão amplamente divulgados e deverão ser cumpridos por alunos e professores.
9) Caberá ao chefe ou sub-chefe de Departamento junto ao coordenador de área (origem representante) da disciplina solicitada, avaliar e decidir sobre o pedido de turma especial.

Departamento de História

CALOURADA CAHIS 2010

Confira a programação especial do CAHIS para os novos alunos de História:

15 a 17/3, 10:30 e 18:30
III Apresentação dos Núcleos e Laboratórios - em dois turnos na RAV 94.

18/3, 10:30 e 18:30
Filme da Ocupação da Reitoria em 2008, dois turnos.

20/3, 15h
Nono em Festa, parceria do CAHIS com os Centros Acadêmicos de Ciências Sociais, Filosofia, Serviço Social e Educação Física.

Realização
CENTRO ACADÊMICO DE HISTÓRIA
Gestão "Filhos da Pública IV"

quarta-feira, 10 de março de 2010

HOJE COMEÇAM AS AULAS DE 2010/1

Nesse 10 de março de 2010, o CAHIS deseja feliz ano novo (ou melhor, feliz período novo) a todos os alunos de História da UERJ, convidando todos a se juntarem a nós nas lutas em defesa da Universidade pública, laica e transformadora.

O CAHIS deseja ainda feliz vida nova aos calouros que hoje iniciam sua vida acadêmica. Juntem-se a nós, pois na UERJ se precisa fazer muito mais do que estudar: lutar, protestar, fazer valer seus direitos frente aos que buscam sempre atrasar a vida dos alunos.

E nesse período novo, todos vão conhecer o novo CAHIS, reformado durante as férias. A sala 9027-F ficou totalmente nova e mais confortável.

Hoje é dia de comemoração para os que estudaram um ano inteiro (ou mais) para o vestibular. BEM-VINDO À LUTA, CALOURADA!

CENTRO ACADÊMICO DE HISTÓRIA
Gestão "Filhos da Pública IV"

terça-feira, 9 de março de 2010

20 ANOS SEM PRESTES

Leia abaixo o discurso proferido neste domingo (7/3) por Marcus São Thiago, Secretário Geral do Instituto Luiz Carlos Prestes (ILCP) durante homenagem feita ao lutador do povo no Rio de Janeiro.

PRESTES VIVE!
Em 7 de março de 1990, desaparecia da vida cotidiana política do Brasil, o inesquecível Senador Luiz Carlos Prestes, nosso Cavaleiro da Esperança, na homenagem de Jorge Amado, sem dúvida um ícone revolucionário da América Latina e do Mundo.

Sua efetiva atuação histórica começou na década de 20, com a Coluna Prestes – o momento culminante do tenentismo – que reuniu um exército guerrilheiro de aproximadamente 1.500 homens e mulheres, comandados por uma dúzia de oficiais do Exército e da Força Pública de São Paulo, entre os quais se destacava Prestes. A Coluna percorreu 25.000 quilômetros, através de 13 estados do Brasil, derrotando 18 generais governistas, sem jamais ter sido desbaratada, apesar do enorme poderio bélico mobilizado contra ela. Inspirados nos ideais de “representação e justiça”, os “tenentes” batiam-se por conquistas como o voto secreto e pela moralização dos costumes políticos, corrompidos pelo domínio oligárquico em vigor durante a República Velha.

O assassinato da companheira de Prestes, Olga Benário, resultado de uma perseguição imposta pelo governo de Getúlio Vargas, que a entregou, com respaldo do Supremo Tribunal Federal, à Alemanha Nazista; as prisões; a clandestinidade; os exílios; a perseguição de vários governos ao Partido Comunista Brasileiro, do qual foi secretário geral por muitos anos - nada disso abalou sua convicção de dedicar sua vida à causa de um mundo melhor para todos. Prestes nos falava que guardava do testemunho de vida de Olga “a lição de que o ser humano resiste a qualquer provação com dignidade, quando a sua luta é pela justiça e liberdade”.

Prestes lutou uma vida inteira em prol do ser humano. Nunca se rendeu ao capital. Constituiu-se num exemplo de conduta reta na vida pública. Foi eleito senador, após 10 anos de prisão impostos pelo governo Vargas, e ajudou a elaborar a Constituinte de 1946, uma carta magna avançada para a época, graças à atuação e às propostas aprovadas pela bancada de deputados do PCB, como o direito de greve.

No período do golpe militar de 64, ainda secretário geral do partido, exilou-se em Moscou, por determinação do PCB, pois era o primeiro da lista de perseguições políticas do regime de exceção, que cassou o mandato do presidente João Goulart, de muitos políticos e, principalmente, de militantes de esquerda no país. Na sua volta do exílio, em outubro de 1979, o aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, foi tomado por uma multidão de 10.000 pessoas, principalmente de correligionários, que queriam ver e ouvir uma das maiores lideranças políticas da América Latina no século passado. O “velho”, como era carinhosamente chamado nesta época por nós que militávamos com ele, discursou, de improviso, do teto de um automóvel e lembrou de citar, um por um, todos os membros do comitê central do PCB, “desaparecidos” pela ditadura que estava no fim.

Por muitos anos minha geração e outras não puderam estudar e conhecer melhor a história do Cavaleiro da Esperança, devido aos anos de arbítrio e restrição dos direitos civis, impostos pelos autoritários de plantão em vários períodos do século 20 no país, fantoches dos interesses imperialistas, que enxergavam e ainda enxergam em Prestes uma ameaça constante à manutenção de um sistema baseado na exploração do homem pelo homem.

A perseguição implacável exercida pelos representantes do capital, durante toda a sua vida, não foi suficiente para fazer calar em Prestes suas convicções socialistas, nem arrefecer seu ímpeto constante no combate ao capitalismo selvagem, que tanta desigualdade, miséria e exclusão social provoca no mundo. Por vezes surgiam divergências entre Prestes e companheiros de lutas quanto às táticas para combater o capitalismo. Nas discussões e embates travados só não abria mão de seus princípios. Não havia possibilidade de conciliar com o inconciliável. Por vezes, esta postura o deixou isolado politicamente. Não importava: seu maior compromisso era com o povo e com as lutas travadas para a sua efetiva libertação e avanços.

Sua maior virtude foi lutar e se entregar pelo que acreditava ser responsabilidade de todos: um mundo melhor. PATRIOTA, COMUNISTA E REVOLUCIONÁRIO, Prestes deixou um exemplo de dedicação integral ao povo brasileiro e à causa internacionalista do socialismo. Neste momento em especial, a classe política de nosso país deveria se mirar na sua conduta. Prestes, apesar de toda a sua liderança e importância histórica, faleceu sem possuir bens e sobrevivia apenas com a colaboração de alguns sinceros e dedicados companheiros de luta e ideais. Inclusive chegou a recusar ofertas e possibilidades legais de pensões e indenizações oferecidas pelo governo como reparação ao que passou nas mãos de seus algozes.

A fim de preservar o seu legado e acervo documental histórico, um grupo de companheiros e correligionários, capitaneados por Anita Prestes, fundou o INSTITUTO LUIZ CARLOS PRESTES, no Rio de Janeiro. As finalidades e atividades do ILCP pretendem envolver, fundamentalmente, a preservação documental e do acervo relacionado às vidas de Luiz Carlos Prestes e Olga Benário Prestes, além da realização, no futuro, de atividades educacionais que visem promover o legado de Prestes junto às novas gerações e a inclusão social, através da implantação de projetos e programas. Além disso, o ILCP vai manter parceria e apoio constantes aos movimentos sociais, principalmente à luta pela reforma agrária, como instrumento fundamental para promover a inclusão social, através da maior riqueza e patrimônio desta nação e do seu povo: a terra.

No mais, fica a nossa convicção de que a conduta e o exemplo de Prestes servem à história deste país como referências permanentes para a construção de um Brasil bem melhor no futuro.

Seu exemplo de dedicação inabalável e intransigente, na causa de uma sociedade mais justa foi o maior legado que devemos transmitir às atuais e futuras gerações. Essa é a nossa grande responsabilidade! Suas idéias não morrerão jamais! Continuarão em cada um que faça da dedicação integral ao ser humano a verdadeira razão de sua existência, para a efetiva colaboração na construção de uma sociedade e mundo mais justos e melhores!

Prestes vive! Viva Prestes!

Marcus São Thiago
Advogado, Educador e Secretário Geral do ILCP- Rio de Janeiro

segunda-feira, 8 de março de 2010

Neste 8 de março, um exemplo de mulher: ROSA LUXEMBURG

Rosa Luxemburg: judia, polonesa, socialista, revolucionária - Também feminista?
Texto de Isabel Loureiro, presidente do instituto Rosa Luxemburg

Por que homenagear Rosa Luxemburg no Dia Internacional da Mulher, uma vez que é notório seu desprezo pela questão feminina, e não sua amiga Clara Zetkin, a feminista de carteirinha da esquerda alemã? Enquanto esta, na linha dos marxistas clássicos, pensava que o fim da desigualdade entre os gêneros só ocorreria com o advento do socialismo que emanciparia todos os oprimidos, inclusive as mulheres, Rosa Luxemburg, que não se deteve na questão feminina, foi poupada das críticas que as feministas endereçaram à esquerda tradicional. Algumas feministas alemãs chegaram mesmo a inspirar-se na sua teoria da acumulação do capital para desenvolver uma concepção original a respeito da opressão das mulheres. Desse ponto de vista, Rosa Luxemburg teria uma contribuição teórica a dar ao movimento feminista. Mas para além desse aspecto, existe a meu ver uma outra dimensão que também leva Rosa a ter voz no capítulo: sua luta incansável para se construir como mulher livre no plano pessoal e político, exposta em detalhes na vasta correspondência com os amigos e namorados, é um exemplo que ainda hoje nos sensibiliza e faz pensar.

Rosa tem 27 anos quando chega a Berlim em 1898 para trabalhar no Partido Social-Democrata Alemão, a mais importante organização de trabalhadores daquela época. O que queria a jovem judia polonesa, cuja carta de apresentação era tão-somente uma tese de doutorado defendida em Zurique sobre o desenvolvimento industrial da Polônia? A resposta é simples: nada menos do que fazer política em pé de igualdade com os maiores teóricos do partido. Essa meta ela alcança em pouco tempo. Dotada de uma inteligência fulgurante e de uma energia sem limites, Rosa torna-se rapidamente conhecida na social-democracia alemã ao investir contra o velho e respeitado teórico do partido, Eduard Bernstein, que embora amigo dos fundadores do marxismo, não hesita em fazer uma revisão da teoria marxista que despencava no mais puro reformismo. A jovem estudiosa e seguidora ortodoxa da obra de Marx não teme enfrentar a hierarquia da organização, dando assim o primeiro passo no caminho a que se tinha proposto: construir-se como mulher independente, tanto no plano político, quanto pessoal.

Mas aqui as coisas eram um pouco mais difíceis. Para começo de conversa, Rosa não era bonita: um metro e cinqüenta de altura, cabeça desproporcional, nariz grande e um problema no quadril que a fazia mancar. Numa época em que o andar elegante era um dos principais atributos femininos, ela quase sempre conseguia disfarçar essa deficiência por meio do auto-controle e da roupa feita sob medida. Rosa, que certamente sofria com isso, se protegia na medida do possível com a auto-ironia, dizendo preferir empregadas altas e fortes, com medo de que quem fosse visitá-la acreditasse ter chegado a uma casa de anões. Segundo a biógrafa Elzbieta Ettinger (Rosa Luxemburgo, Zahar, 1986), esse defeito físico foi determinante em sua vida, levando-a a forjar uma excepcional força de vontade e a tornar-se, a título de compensação, primeiro, aluna modelo, depois, oradora, polemista, jornalista e intelectual brilhantes.

Uma das razões para que a fundadora e líder da social-democracia polonesa e líder da ala esquerda da social-democracia alemã ainda exerça tamanho fascínio sobre nós não são apenas suas idéias políticas libertárias, mas também porque, pelo fato de ser mulher – o que faz toda a diferença –, e mulher mergulhada na vida política, ela se recusa a sacrificar a felicidade individual à carreira. Mas neste ponto acabou se frustrando. Na juventude insistia com Leo Jogiches (também fundador da social-democracia polonesa e o grande amor de sua vida durante quinze anos) para ter uma vida “normal”: casar, ter filhos. E junto com isso, dedicar-se à política. Mas Leo era o revolucionário típico, “durão”, acostumado à luta política clandestina e à conspiração. Unir prazer e dever era algo que não estava nos seus planos, a acreditarmos nas eternas reclamações de Rosa, censurando-o por só pensar na “causa”. De temperamentos muito diferentes, a relação entre os dois, depois dos primeiros meses, foi uma fonte contínua de tensões e desavenças, e ela sentia-se infeliz. Segundo Charles Rapoport, que conhecia bem os dois, “Rosa era sentimental e apaixonada, romântica e sensível ao extremo. Talvez Jogiches, no fundo do coração, se parecesse com ela, mas grande conspirador, soube tão bem esconder sua sensibilidade que mal podia encontrá-la para manifestá-la exteriormente.”

A ruptura veio em 1906. Sobre as razões exatas que levaram a isso só nos resta conjeturar. A versão mais divulgada (inclusive pelo filme de Margarethe von Trotta) é que durante a revolução russa de 1905, quando Leo estava em Varsóvia e Rosa em Berlim ele teria tido um caso com uma militante. Na versão de Ettinger, que parece a mais plausível quando acompanhamos a evolução do relacionamento pela correspondência, foi Rosa quem rompeu ao apaixonar-se por Costia Zetkin, o filho mais novo de sua amiga Clara Zetkin. Apaixonou-se porque internamente já estava afastada de Leo, o homem unilateralmente consagrado à causa. Entretanto, o contato político entre eles durou até o fim da vida. Durante os quatro anos de guerra, quando Rosa ficou presa, Jogiches teve um papel importante na organização do movimento spartakista e, posteriormente, na Revolução Alemã de novembro de 1918, sempre na sombra. Quando Rosa foi assassinada, com o apoio (pelo menos passivo) da social-democracia no poder, em 15 de janeiro de 1919, Jogiches, “fiel e sólido como a rocha”, assumiu como tarefa descobrir os culpados. Isso não durou muito: por sua vez também ele foi brutalmente assassinado no dia 10 de março.

Rosa, diferentemente de Leo, não tinha nenhuma inclinação especial pela clandestinidade, pelas seitas revolucionárias, pelo segredo; grande oradora e jornalista, o seu era um combate público contra todas as formas de opressão, tanto social quanto individual. E é como militante política, como combatente na arena pública que Rosa enfrenta – e vence intelectualmente – os preconceitos arraigados na social-democracia alemã. Nessa medida, ela rompe com o tradicional papel feminino de esposa e mãe, ou mesmo, num outro patamar, de secretária do marido. Não podemos esquecer que ela sofre de vários handicaps para a ultra-conservadora Alemanha da época – é mulher, judia, polonesa e revolucionária.

Rosa era de fato uma figura singular na sociedade imperial alemã, dominada pelo autoritarismo e o patriarcalismo que contaminavam a própria social-democracia, razão para que fosse extremamente discreta sobre sua vida privada. Tanto que Leo Jogiches nunca apareceu publicamente como seu companheiro; muito menos Costia Zetkin, com quem manteve um relacionamento amoroso cuidadosamente escondido de seus convencionais companheiros de partido; e menos ainda a relação com Paul Levi, que só se tornou conhecida em 1983, muito tempo depois da morte de ambos, quando a família dele tornou pública a correspondência com Rosa Luxemburg. E havia motivos para tanta discrição.

Os ataques contra a mulher começaram cedo no ambiente machista da esquerda da época, que temia sua independência de espírito e sua língua mordaz: o socialista austríaco Victor Adler chamou-a de “idiota venenosa”; quando ela foi nomeada redatora-chefe de um importante jornal social-democrata enfrentou quase uma rebelião dos colegas jornalistas que duvidavam de sua competência pelo fato de ser mulher; seus companheiros de partido ao se referirem a ela falavam em “materialismo histérico”; para Lênin, Rosa era uma águia que ocasionalmente voava mais baixo que uma galinha. Seus assassinos fizeram questão de vilipendiá-la como mulher: depois de espancada, levou um tiro na cabeça, foi enrolada em arame farpado e jogada nas águas do canal Landwehr. Só pôde ser enterrada meses mais tarde, numa cerimônia acompanhada por milhares de pessoas, quando o corpo, quase irreconhecível, foi identificado a duras penas por sua secretária Mathilde Jacob. Recentemente na Alemanha, quando o governo de esquerda de Berlim propôs construir um monumento em sua homenagem, entre críticas de todos os tipos, voltaram à cena os ataques contra a mulher, desta vez mais sutis: Rosa nunca recebeu uma proposta de casamento dos amantes, nem realizou o desejo de ter filhos. Quem questionaria um homem dessa maneira, apelando para sua vida privada?

Para concluir, uma rápida menção às feministas alemãs inspiradas em Rosa. Segundo essa leitura original, Rosa, em suas obras de economia política, A acumulação do capital e Introdução à economia política, não compartilha da crença no progresso, comum na social-democracia do seu tempo, mas, ao contrário, enfatiza o lado violento da expansão capitalista que leva à destruição das culturas primitivas, distinguindo-se assim de seus companheiros homens, Marx, bolcheviques, social-democratas. Estes encaram como positivo o desenvolvimento capitalista com seus aliados naturais, a grande indústria e o desenvolvimento técnico, vendo tal processo como uma etapa necessária no caminho da humanidade em direção ao socialismo. Para Rosa, em contrapartida, cuja tese sobre o imperialismo tem no centro a idéia de que o capitalismo só pode desenvolver-se anexando – com violência – as formações sociais não-capitalistas, o capitalismo traz apenas destruição. Estas formações sociais não-capitalistas que antes eram as colônias, abarcam hoje setores como a saúde, a educação, a criatividade intelectual, os recursos ambientais, a cultura, e, segundo as feministas, o trabalho das mulheres no âmbito doméstico.

Com toda certeza Rosa ficaria feliz por ter deixado uma obra mais brilhante e duradoura que a da grande maioria de seus companheiros homens. Mas para nós mulheres, o mais estimulante ainda hoje é o fato de ela ser uma intelectual revolucionária que vê a sociedade do ponto de vista feminino; e, além disso, a preservação dos registros pessoais em que, no decorrer dos anos, Rosa relata sua penosa construção como mulher independente contribui para nosso próprio auto-conhecimento, dando-nos força para lutar contra os limites que continuam nos sendo impostos e que acabamos por introjetar.

A reunião da "impren$a burgue$a": o anti-CONFECOM

Transcrito integralmente de http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/maringoni-forum-do-millenium-a-confecom-da-direita/

Instituto Millenium: A Conferência de Comunicação particular da direita
Fórum Democracia e Liberdade de Expressão exibe preocupação da mídia com avanços democráticos. Ataques a governos de centroesquerda e aos movimentos sociais dão o tom.
por Gilberto Maringoni

“O Plano Nacional de Direitos Humanos [PNDH] é um totalitário”, “o stalinismo predomina no PT”, “temos de ir para a ofensiva”, “Vamos acabar com essa história de ouvir o outro lado na imprensa”, “governo cínico, cínico, cínico!”, “democracia não é só eleição”. Frases assim, proclamadas com ênfase quase raivosa, deram o tom no Fórum Democracia e Liberdade de Expressão, realizado na segunda (1), em São Paulo.

O evento, promovido pelo Instituto Millenium, foi uma espécie de Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) particular da direita brasileira, facção grande mídia. Revezaram-se nos microfones, convidados internacionais, donos de conglomerados e seus funcionários de confiança. Fala-se aqui da Editora Abril, da Rede Globo, da Rede Brasil Sul (RBS), da Folha de S. Paulo, do Estado de S. Paulo e agregados. Como se sabe, tais setores resolveram boicotar a I Confecom, um processo democrático ocorrido em todos os estados da Federação, que culminou em uma etapa nacional, realizada em dezembro último. Presentes nesta, cerca de 1,3 mil delegados, entre empresários, movimentos sociais e governo. O total de pessoas envolvidas em suas fases regionais envolveu cerca de 12 mil participantes.

Terceirizando a bílis
Pois o Instituto Millenium fez seu convescote para cerca de 180 participantes. Eram empresários, jornalistas e interessados, que desembolsaram R$ 500 cada um, por um dia de atividades. Na mira dos palestrantes, os governos de centro esquerda da América Latina, os movimentos sociais, o governo Lula e o PNDH. As intervenções mais moderadas foram as de Roberto Civita (Abril) e de Otávio Frias Filho (Folha), que buscaram, de certa forma, situar seus interesses na cena política. Externam o que se espera de proprietários de monopólios. Defendem a livre iniciativa de “investidas antidemocráticas como o controle social da mídia” e “menos legislação para o setor”, no dizer de Civita. Roberto Irineu Marinho (Globo) foi ainda mais discreto. Ficou na platéia e f ez uma única pergunta por escrito ao longo de todo o dia. Mantêm uma certa linha. Os três resolveram terceirizar a artilharia pesada para seus empregados, que fizeram uma verdadeira competição para ver quem seria o Carlos Lacerda (1914-1977) da Nova Era. O ex-governador da Guanabara, como se sabe, se notabilizou entre o final dos anos 1950 e início da década seguinte como o mais notável agitador, na TV e no rádio, em favor do golpe de 1964. Dono de uma retórica incendiária, Lacerda intimidava adversários e aglutinava seguidores para a derrubada do presidente João Goulart.

Nessa toada, os conferencistas tiveram a inusitada ajuda do Ministro das Comunicações Helio Costa,e do deputado Antonio Palocci (PT), como se verá adiante.

Visão particular da História
A primeira mesa trouxe três convidados externos, o argentino Adrian Ventura (La Nación), o âncora da televisão equatoriana Carlos Vera (Ecuavisa) e o venezuelano Marcel Granier (dono da RCTV, cuja concessão não foi renovada em 2007).

Arrogante e inflamado, Vera afirmou que em seu país “não existe liberdade de expressão”. Reclamou que seu canal de TV não recebe mais publicidade estatal e acusou o presidente Rafael Correa – “um ditador” - de ter sido eleito “por prostitutas”. Já Marcel Granier foi saudado como uma espécie de símbolo da luta pela liberdade de imprensa pelo apresentador Marcelo Rech, diretor da RBS. O proprietário da rede venezuelana denuncia “o autoritarismo do governo Hugo Chávez”. Desfia o que diz serem provocações, intimidações e a certa altura, de passagem, fala da “renúncia” de Chávez. Em nenhum momento menciona o golpe de Estado de 2002 e ao papel da grande mídia de seu país. Parece que toda a tensão em seu país nasceu por geração espontânea. Uma visão particular da História, sem dúvida.

Granier e seus colegas de mesa não deixam de deplorar a existência de aliados dos tais governos ditatoriais entre os empresários da mídia. Aliados, não. “Cúmplices”, sublinha o mediador Rech, com anuência dos convidados.

De costas para o governo
Logo após a mesa inicial, chega o convidado mais aguardado da manhã chuvosa, o Ministro das Comunicações Hélio Costa. Com seu inimitável penteado, o membro do governo falou o que a “seleta platéia”, conforme sua expressão, queria ouvir. Buscou esvaziar a Confecom de qualquer significado maior. “Através de três ministros, Luís Dulci, Franklin Martins e eu, o governo foi unânime em decidir que em hipótese alguma se aceitará algum tipo de controle social da mídia”. E enfatizou: “Isso não foi, não é e não será discutido”, enfatiza para gáudio da maioria dos presentes. Genial. O membro do primeiro escalão confraterniza-se com os que deploram seu governo como marcado por tendências discricionárias.

Libelu e Rolando Lero
A terceira mesa, intitulada “Ameaças á democracia no Brasil” foi a mais trepidante de todas. Contou com Demétrio Magnoli, o Gustavo Corção da Libelu, Denis Rosenfeld, o Rolando Lero na filosofia gaúcha, e Amauri de Souza, sociólogo. Na mediação, Tonico Ferreira (Globo).
Ferreira é mais um daqueles que um dia foram de esquerda e transitaram alegremente para a outra ponta do espectro político sem culpas. Chefe de redação do semanário Movimento, no final dos anos 1970, Ferreira, de saída, denuncia o caráter autoritário da lei eleitoral. “É censura”, diz ele, antes de passar a palavra a Magnoli.

Este não perde tempo. Logo faz um apanhado da história do PT e dispara: “A relação do partido com a democracia é ambígua. Juntamente com o PSOL, apoiou o fechamento da RCTV”. Acusa a agremiação de Lula de fazer uma volta atrás em seu ideário democrático. “Retomaram a idéia autoritária de partido dirigente e de democracia burguesa”, sentencia. E logo completa “Este movimento, de restauração stalinista, é reforçado pela emergência do chavismo e do apoio a Cuba”. Na platéia uma senhora murmura: “Que vergonha, nosso governo apoiar isso”.
O risco, para Magnoli é um possível governo Dilma, supostamente mais subordinado ao PT do que a gestão Lula. O fim das ameaças, para ele, só acontecerá “com a vitória da oposição”. Bingo! E culmina: “Não somos Venezuela e Cuba! Temos de falar que nós somos diferentes!”. Aplausos entusiasmados.

Rosenfeld vai pela mesma toada, mas busca elaborar uma “pensata” sobre o “corpo e o espírito do capitalismo”. Segundo ele, o corpo vai muito bem. “Os grupos econômicos ganharam muito dinheiro nesses oito anos”. O problema é o espírito, “os bens intangíveis”, revela o filósofo. A base material é garantida pelo governo, nas palavras de Rosenfeld, “As metas de inflação, a autonomia operacional do Banco Central e o superávit fiscal” mostrariam um rumo seguro. Mas o espírito está sendo minado, alerta. Esse ectoplasma é “a liberdade de expressão” que estaria ameaçada. E enumera os problemas, numa tediosa repetição: “O PNDH, o MST, a questão dos quilombolas” etc. etc. etc.

A sutileza do sr. Basile
O seminário foi sumamente repetitivo, diga-se de passagem. No período da tarde, os previsíveis Arnaldo Jabor, Carlos Alberto di Franco (Opus Dei) e Sidnei Basile (diretor da Abril) tentaram dar novas roupagens ao samba de uma nota só do evento. Basile, sob o olhar atento de Roberto Civita, seu patrão, defende um regime de autorregulação para a imprensa. “Algo semelhante ao Conar” (Conselho de Autorregulamentação Publicitária), formado pelas próprias agências, ao invés de uma lei para o setor.

A proposta é ensandecida. Se aplicada a toda a sociedade, com cada um supervisionando seu próprio setor, o mundo seria uma graça. Um exemplo. Não haveria mais leis de trânsito, sinais, placas, mão e contramão. Os motoristas se reuniriam e fazem um código de autorregulação. Se os pedestres reclamarem, basta acusá-los de tentar bloquear um dos mais sagrados direitos, o de ir e vir dos motorizados. Todos se atorregulariam e chegaríamos ao reino encantado de Basile. No meio de seu delírio anarquista, o executivo, sempre observado pelo patrão, acusou a convocação da Confecom por parte do Presidente da República como um ato “cínico e hipócrita”. Adendou: “Um conto do vigário”. Basile é de uma sutileza a toda prova.

Jabor, que aparentemente não preparou intervenção alguma, repetiu jaborices pelos cotovelos. Populismo autoritário, jacobinos, bolcheviques e quejandos formam o mundo a ser vencido. Homem experiente que é, contou mais uma vez já ter sido comunista. E disparou diatribes à granel. Impossível não lembrar de uma impagável frase do escritor paulistano Marcos Rey (1925-1999). Este dizia não gostar de dois tipos de gente, ex-comunistas e ex-fumantes, “porque ambos são metidos a dar conselhos”.

Reinaldos Azevedos às mancheias
A quarta mesa – “Liberdade de expressão e Estado democrático de direito” – contou com a participação de três luminares: Reinaldo Azevedo (Veja), Marcelo Madureira (Casseta) e o Dr. Roberto Romano (Unicamp), os dois últimos tentando ver quem era mais Reinaldo Azevedo que o próprio Reinaldo Azevedo.

O citado é um fenômeno da Natureza. Um criador de personagens. É uma espécie de Walt Disney de si próprio. Disney inventou o Mickey, o Pato Donald, o Pateta e uma plêiade de figuras inesquecíveis. Reinaldo Azevedo criou Reinaldo Azevedo. “Sou de direita!”, avisa de saída. “A imprensa tem que acabar com o isentismo e o outroladismo, essa história de dar o mesmo espaço a todos”.

Madureira foi mais um alardear sua condição de ex-comunista. Fez piadinhas, embora não se saiba se seu cachê incluía chistes e gags. Atacou tendências autoritárias e “recadinhos” oficiais. “O governo pressiona os editores com os anúncios da Petrobras e do Banco do Brasil. Isso é censura!” Com a presença do patrão na platéia, logo sublinhou: “A Globo não nos censura”.
Mas o humorista da tarde foi o Dr. Roberto Romano. Este revelou ao mundo uma nova teoria, que vai pegar. É sobre a militância. Atenção: “O partido de militantes causa a corrosão do caráter”. Guardem essa! Depois de A corrosão do caráter, de Richard Sennet, que fala dos vínculos trabalhistas e sociais tênues e sua influência no comportamento humano, um livro sério, o Dr. Romano vem com sua versão pândega. E explica: “No partido de militância não tem mais jornalista, médico e nem nada. Tem o militante que se reporta ao chefe”. Isso, para as muitas luzes do Dr. Romano, corrói o caráter. Olha lá, Brasil! A partir de agora, só se falará em outra coisa!

As pesquisas científicas do Dr. Romano o levaram a constatar, além de tudo, que “90% das ONGs são totalitárias”. Como o mediador William Wack prometeu publicar a fala original do Dr. Romano no site do Instituto Millenium, o mundo aguarda ansioso as fontes empíricas de tão bombástica revelação.

No fim de tudo, na última palestra, o deputado Antonio Pallocci veio confraternizar com aqueles que malharam sem dó seu partido e o governo que integrou até há poucos anos. Para agradar, também criticou o PNDH, no que foi cumprimentado ao final.

Tendências não democráticas
O Fórum do Instituto Millenium, apesar de seu tom folclórico, não é engraçado. Embora seja um direito democrático a organização de toda e qualquer facção política, é forçoso reconhecer que estas nada têm de democráticas ou plurais. Buscam se articular justamente para evitar reformas democratizantes no país e no setor de comunicação. Um ponto positivo é dado pela seguinte constatação: os monopólios de mídia se desgastaram com o boicote à Confecom. O tema da democratização da comunicação entrou na agenda nacional com força. O seminário é uma gritaria da direita. Sem problemas. O duro é buscarem, afirmar seus interesses contra a vontade e as necessidades da maioria da população.

Agradecimento
Este obscuro jornalista agradece sinceramente ao Dr. Roberto Romano pela menção ao texto “Instituto Millenium: toda a democracia que o dinheiro pode comprar!” , feita no calor de suas vibrantes intervenções. Apesar de ele ter recomendado às pessoas taparem o nariz para lê-lo, só posso ficar envaidecido com tão ilustre recomendação.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Professor Oswaldo Munteal é entrevistado pelo Fazendo Média

O professor da UERJ Oswaldo Munteal Filho é entrevistado por Gabriel Bernardo, do Fazendo Média. Em entrevista esclarecedora, nosso professor fala da "Operação escorpião: o passo a passo da armadilha contra Jango".

Leia esta entrevista esclarecedora em http://www.fazendomedia.com/?p=2466

terça-feira, 2 de março de 2010

Ponha na sua agenda

O processo revolucionário na Venezuela: impressões de Anita Prestes

Anita Prestes esteve recentemente na Venezuela, presente ao Fórum Internacional “Homens a cavalo”, em Caracas, promovido pelo Ministério do Poder Popular para Agricultura y Terras, para homenagear revolucionários latino-americanos. No evento, fez uma apresentação sobre a trajetória revolucionária de seu pai, Luiz Carlos Prestes. Nesta palestra no CeCAC (Centro Cultural Antonio Carlos Carvalho), Anita irá expor suas impressões sobre o processo revolucionário liderado por Chavez em curso na Venezuela

CeCac (Centro Cultural Antonio Carlos Carvalho), avenida 13 de maio, 13, s. 1901 – 1903, Centro, Rio de Janeiro - RJ
04 de Março, quinta feira, às 18h30
Entrada gratuito

segunda-feira, 1 de março de 2010

O caso do cubano que fez greve de fome: O QUE A GLOBO E A VEJA ESCONDEM

Comentários sobre Orlando Zapata Tamoyo, preso comum que virou ídolo da reação internacional por sua greve de fome. Confira as informações que a "grande impren$a" confiscou da opinião pública brasileira.

Texto transcrito integralmente de http://www.granma.cu/portugues/2010/marzo/lun1/para-quem-util-morte.html

Para quem é útil a morte?
ENRIQUE UBIETA GONZÁLEZ

A contra-revolução cubana possui uma carência de mártires proporcional à sua falta de escrúpulos. É difícil morrer em Cuba, não porque tenhamos uma expectativa de vida semelhante à do Primeiro Mundo — ninguém morre pela fome, apesar da carência de recursos, nem de doenças curáveis — mas porque cá impera a lei e a honra. Os mercenários cubanos podem ser detidos e julgados segundo as leis vigentes — aliás, em nenhum país podem ser violadas as leis. Por exemplo, nos Estados Unidos, receber dinheiro e colaborar com a embaixada de um país considerado como inimigo pode acarretar severas sanções de privação da liberdade — mas eles sabem mesmo que em Cuba ninguém desaparece nem é assassinado pela polícia. Não existem "escuros recantos" para interrogatórios "não-convencionais" para presos-desaparecidos, como os de Guantánamo ou os de Abu Ghraib. E ainda, a gente entrega sua vida por um ideal que dá prioridade à felicidade dos demais, não por um ideal que dá prioridade à própria vida.

Porém, nas últimas horas, algumas agências de imprensa e alguns governos se apressaram a condenar Cuba pela morte na prisão, em 23 de fevereiro passado, do cubano Orlando Zapata Tamayo. Qualquer morte é dolorosa e lamentável. Mas a notícia que a mídia ecoa, leva uma espécie de entusiasmo: Até que em fim — parece dizer — surgiu um "herói". Portanto, é preciso explicar brevemente, sem qualificativos desnecessários, quem foi Zapata Tamayo. Apesar de toda a maquilhagem, se trata de um preso comum que iniciou a sua atividade delituosa em 1988. Julgado pelos delitos de "violação de domicílio" (1993), "lesões menos graves" (2000), "estafa" (2000), "lesões e posse de arma branca" (em 2000 provocou feridas e fratura linear no crânio ao cidadão Leonardo Simón, empregando um machete), "alteração da ordem" e "desordem pública" (2002) entre outras causas, nada ligadas à política. Em 9 de março de 2003, foi libertado sob caução e no dia 20 desse próprio mês cometeu um novo delito. Tendo em conta os seus antecedentes e condição penal, desta vez foi condenado a três anos de prisão, mas, nos anos seguintes, a sentença inicial foi se ampliando de forma considerável, por causa de sua conduta agressiva na prisão.

Na lista dos chamados presos políticos, elaborada em 2003 pela manipulada e já desaparecida Comissão de Direitos Humanos da ONU, para condenar Cuba, o nome de Tamayo não aparece — tal como afirma, a agência Efe, sem ter verificado os fatos e as fontes — apesar de que sua detenção se produziu na mesma época da dos mercenários. Caso ter existido uma intencionalidade política prévia, Tamayo não teria sido libertado onze dias antes. Ávidos de incluir o maior número de elementos supostos ou reais nas fileiras da contra-revolução, por um lado, e por outro lado, convicto das vantagens materiais que representava uma "militância" atiçada pelas embaixadas estrangeiras, Zapata Tamayo adotou um "perfil político", numa época em que seu cadastro penal já era extenso.

Atuando no novo papel, foi estimulado uma e outra vez por seus mentores políticos a iniciar greves de fome, as quais foram enfraquecendo definitivamente seu organismo. A medicina cubana o assistiu. Nos diferentes hospitais onde foi tratado existem especialistas muito qualificados, aos que se acrescentaram outros de diferentes centros — os quais não pouparam recursos para o seu tratamento. Recebeu alimentação por via parenteral. A família foi informada de cada passo. Sua vida foi prolongada durante muitos dias mediante respiração artificial. De tudo o antes exposto existem provas documentais.

Mas existem perguntas sem responder que não são médicas. Quem e por quê estimularam Zapata a manter uma atitude que já era evidentemente suicida? A quem convinha sua morte? O desfecho fatal regozija intimamente os hipócritas "doridos". Zapata era o candidato perfeito: um homem "prescindível" para os inimigos da Revolução e fácil de convencer para que teimasse num empenho absurdo e em exigências impossíveis (televisão, cozinha e telefone pessoal na cela) que nenhum dos cabecilhas reais teve o valor de manter. Cada greve anterior dos instigadores tinha sido anunciada como uma morte provável, mas os grevistas sempre desistiam antes de que se produzissem incidentes irreversíveis para a sua saúde. Instigado e alentado a prosseguir até a morte — os mercenários esfregavam as mãos diante dessa expectativa, apesar dos esforços incontáveis dos médicos — o nome de Tamayo é mostrado agora com cinismo, como se fosse um troféu coletivo.

Alguns ficaram à espreita, como abutres — os mercenários do quintal e a direita internacional — perambulando em torno do moribundo. A sua morte virou festim. O espetáculo é nojento. Porque os que estão escrevendo não ficam comovidos perante a morte de um ser humano — num país sem mortes extrajudiciais — mas fazem tremular essa morte quase que com alegria e a utilizam com fins políticos premeditados. Zapata Tamayo foi manipulado e, de certa forma, conduzido à autodestruição de forma premeditada, para satisfazer necessidades políticas alheias. Por acaso esta não é uma acusação contra aqueles que se apropriam agora de sua "causa"? Este caso é conseqüência direta da política assassina contra Cuba, que estimula a emigração ilegal, a desobediência e a violação das leis e da ordem estabelecidas? Lá está a única causa desta morte não desejada.

Mas, por que é que há governos que aderem à campanha de difamação se sabem — porque sabem mesmo — que em Cuba não se executa nem se tortura, nem se empregam métodos extrajudiciais? Em qualquer país europeu pode haver casos —às vezes francas violações de princípios éticos — não tão bem atendidos como o nosso. Alguns, como aqueles irlandeses que lutavam pela sua independência, nos anos oitenta, morreram em meio da indiferença dos políticos. Por que há governantes que esquivam a denúncia explícita do injusto isolamento que sofrem Cinco cubanos nos Estados Unidos por lutarem contra o terrorismo, e se apressam a condenarem Cuba se a pressão da mídia põe em risco a sua imagem política? Já Cuba o expressou numa ocasião: podemos enviar-lhes todos os mercenários e suas famílias, mas nos devolvam os nossos Cinco Heróis. A chantagem política jamais poderá ser usada contra a Revolução cubana.

Esperamos que os adversários imperiais saibam que nossa Pátria jamais poderá ser intimidada, vergada, nem afastada do seu heróico e digno caminho utilizando as agressões, a mentira ou a infâmia.

Fonte: http://www.granma.cu/portugues/2010/marzo/lun1/para-quem-util-morte.html