Em editorial, Estadão deprecia formação de médicos cubanos
5 janeiro 2011
Enquanto o Estadão questiona a qualidade da formação dos médicos cubanos, o mundo reconhece o contrário.
No dia 03 de janeiro de 2010 o Estadão soltou um editorial intitulado “Médicos Reprovados”, o qual aponta, entre outras distorções, que “as faculdades cubanas – a mais conhecida delas é a ELAM (Escola Latinoamericana de Medicina) – são estatais e seus alunos são escolhidos não por mérito, mas por afinidade ideológica”, afirmando que os brasileiros que lá estudam “não se submeteram a um processo seletivo, tendo sido indicados por movimentos sociais”.
O editorial diz ainda “que os médicos por ela diplomados não teriam condições de exercer a medicina no país…”, que “para as duas entidades (Conselho Federal de Medicina e Associação Médica Brasileira) as faculdades de medicina de Cuba… teriam currículos ultrapassados, estariam tecnologicamente defasadas e não contariam com professores qualificados”. O Ministério da Educação também é questionado perante o caso. “Custa crer que setores do MEC continuam insistindo em pôr a ideologia na frente da competência profissional, quando estão em jogo a saúde e a vida de pessoas”.
Em contrapartida, é publicado três dias antes, num conhecido jornal britânico The Independent, de inquestionável prestígio nos meios liberais da Grã-bretanha, um atrevido artigo da jornalista Nina Lakhani, intitulado “Médicos cubanos no Haiti envergonham o mundo”.
O artigo diz que os cubanos “São os verdadeiros heróis do desastre do terremoto do Haiti, a catástrofe humana às beiras dos Estados Unidos perante a qual Barack Obama prometeu uma monumental missão humanitária dos Estados Unidos para aliviá-la”. No entanto, os heróis acerca dos quais falamos são cidadãos do arquiinimigo dos Estados Unidos. Cuba, cujos médicos e enfermeiras fizeram com que os esforços dos Estados Unidos sejam motivos de vergonha.
“Uma brigada médica de 1 200 cubanos está trabalhando em todo Haiti, devastado pelo terremoto e infestado pela cólera, como parte da missão médica internacional de Fidel Castro, que fez com que o Estado socialista ganhasse muitos amigos, mas pouco reconhecimento internacional.”
“… os organismos de ajuda internacional estavam sozinhos na luta contra a devastação que matou 250 000 pessoas e que deixara sem lar a cerca de 1,5 milhões. [...] profissionais da saúde cubanos tem estado no Haiti desde 1998, [...] no meio da fanfarra e da publicidade em torno da chegada da ajuda dos Estados Unidos e do Reino Unido, centenas de novos médicos, enfermeiras e terapeutas cubanos chegaram sem que ninguém quase falasse deles…”
“Estatísticas publicadas na semana passada mostram que os médicos cubanos, trabalhando em 40 centros através do Haiti, atenderam mais de 30 000 pacientes de cólera desde outubro. Eles são o maior contingente estrangeiro, recebendo aproximadamente 40 por cento de todos os pacientes que sofrem cólera. Outro grupo de médicos da Brigada cubana ‘Henry Reeve’, uma equipe de especialistas para casos de desastres e emergências, chegou recentemente quando foi evidente que o Haiti estava lutando por encarar a epidemia que já matou centenas de pessoas.”
“…Cuba formou 550 médicos haitianos gratuitamente na Escola Latino-americana de Medicina (ELAM), uma das mais radicais iniciativas médicas do país. Atualmente outros 400 médicos são preparados nessa escola, que oferece educação gratuita, incluindo livros de graça e um pouco de dinheiro como diária, a qualquer pessoa o suficientemente qualificada, que não possa estudar medicina em seu próprio país”.
“John Kirk é um professor de estudos sobre América Latina na Universidade de Dalhousie, no Canadá, que investiga sobre as equipes médicas internacionais de Cuba. Ele disse: ‘a contribuição de Cuba no Haiti é como o maior segredo do mundo. Sobre eles quase não se fala, apesar de que estão fazendo uma boa parte do trabalho pesado’.
Contraditoriamente, o próprio Estadão também publicou ainda no dia 03 no seu jornal on line a seguinte matéria: “Cuba registra a taxa de mortalidade infantil mais baixa de sua história”
Cuba: taxa de mortalidade infantil baixa a 4,5 por mil nascidos vivos
País encerrou 2010 com um índice de 4,5 óbitos para cada mil crianças nascidas vivas
HAVANA – Cuba terminou 2010 com uma taxa de mortalidade infantil de 4,5 por mil nascidos vivos, a mais baixa da história do país, segundo dados oficiais divulgados nesta segunda-feira, 3.
“A taxa atingida não é mais que a confirmação de um colossal esforço de um país pobre e criminalmente bloqueado”, ressaltou o jornal Granma, órgão oficial do Partido Comunista.
O impresso assinala também, sem detalhar números regionais, que Cuba alcançou o índice de “nação das Américas com mais baixa mortalidade infantil, indicador internacional que mede a qualidade com que uma sociedade atende e protege as gestantes e os recém-nascidos”.
Por região, a taxa mais baixa de mortalidade infantil foi encontrada na província de Villa Clara, no centro do país, com 2,5 por mil nascidos vivos.
Os registros apontam que, em 2010, nasceram 127.710 cubanos, número que comparado com o ano anterior representa uma diminuição da natalidade de 2.326 crianças. Além disso, indica que as despesas de saúde pública por habitante – que eram de 3,72 pesos (ou US$ 4,08) por pessoa em 1959, em uma nação com 7 milhões – subiu para 576 pesos (ou US$ 622) per capita para os mais de 11,2 milhões de cubanos atualmente.
Adorei a matéria. Artigo bem escrito, maduro, não tendencioso.
ResponderExcluirOs cães ladram e a caravana passa....sempre foi e sempre será assim.
Gostaria de colocar que o correto é o cólera e não a cólera.