A primeira fase da Copa do Mundo chegou ao fim. Dentro de campo um show de gols e belas jogadas, e um banho da historicamente oprimida América Latina em cima dos seus antigos opressores, os europeus. Fora dele, o povo pobre, negro e mulato, também historicamente oprimido no Brasil, continua oprimido, ou melhor, é mais ainda, pois lhe tiraram a oportunidade de ser personagem do esporte que ajudou a construir, o esporte das massas, o esporte do povo, o futebol. Os estádios não refletem a "brasilidade", a nossa cultura, o público é predominantemente branco e de classe média, sendo difícil encontrar uma pele mais escura dando o contraste na torcida.
A classe média xingou a presidente Dilma, mas não há sentido nisso, porque é graças a própria presidente que esta classe média está nos estádios, pois o governo federal foi conivente com o plano de elitização do futebol por parte da FIFA, com os altos preços e a proibição da festa popular nos estádios. Essa mesma classe média rabugenta não canta outra coisa se não a mais do que conhecida e enjoada música " eu sou brasileiro com muito orgulho com muito amor ", no entanto, estes mesmos sempre passaram e continuarão passando o resto dos dias após a Copa dizendo que o Brasil é uma vergonha, que tem vergonha de ser brasileiro e que preferem morar nos EUA. Enquanto isso, as outras torcidas latinas nos dão aula de como torcer, e dentro das limitações das imposições elitistas da FIFA, fazem a sua festa.
Nas ruas, parte da população como professores, trabalhadores em greve, estudantes, e pessoas atingidas pelo legado negativo da Copa tem se manifestado. E a polícia e a mídia fazem de tudo para calar essas manifestações, a primeira na violência e a segunda na informação. Os atos se realizam por todas as capitais do país, nas proximidades dos estádios e das arenas em que são realizadas as festas da FIFA.
Nos perguntamos: a festa nos estádios, que tem sido exclusivas a classe média, valem as lágrimas e o sangue de muitos nas favelas e nas ruas ? Com certeza os primeiros derrotados e eliminados nesta Copa não foram os países que voltam pra casa agora após a primeira fase, mas sim os pobres, negros e favelados, que além de não terem o direito de fazer parte da festa dentro do estádios, são massacrados fora dele.
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