sábado, 20 de junho de 2009

CAHIS-UERJ em solidariedade à luta da USP

Nos últimos dias, a USP (Universidade de São Paulo) tomou conta dos noticiários. O motivo foi o fato estarrecedor da entrada do batalhão de choque da Polícia Militar paulistana no campus para deter a greve dos técnico-administativos. Mais chocante ainda é saber que a invasão da PM foi aprovada no conselho universitário (Consun) da instituição e assinada pela Reitora da USP, Suely Vilela! Os técnico-administrativos reivindicavam o aumento salarial e a soltura de um dos dirigentes do seu sindicato, preso por acusação de depredar o patrimônio da própria universidade. Os trabalhadores decidiram pela greve no final de maio até a concretização das suas demandas, realizando piquetes, no intuito de realmente paralisar os serviços da USP.


Como resposta, a Reitoria autorizou a entrada do batalhão de choque da PM a partir do dia 1º de junho. Diante dessa tentativa de criminalização do movimento dos funcionários, a associação dos professores da USP (ADUSP) resolveu também declarar greve, logo seguida pelo DCE da Universidade. Com isso, a pauta de reivindicações incorporou a posição contrária dos estudantes e professores à UNIVESP, Universidade Virtual do Estado de São Paulo, projeto do governador José Serra (PSDB).

A UNIVESP consiste na ideia de cursos universitários à distância que é apresentada como solução para a ampliação de vagas do Ensino Superior. A concepção de ensino à distância é altamente combativa pelos setores organizados dos docentes e também estudantes. Esse modelo de educação não apresenta a mesma qualidade das aulas presenciais, precarizando um conhecimento, o universitário, que deveria não só pensar e agira em prol da sociedade, mas também, transformá-la.


Desde então, professores, funcionários e alunos tem realizado atos em conjunto dentro do campus contra a ocupação militar realizado pela polícia, contundo, não caindo nas provocações dos policias. O movimento adotou flores como o seu símbolo nos protestos, em uma clara alusão de contraste às atitudes da Reitoria e do governo Serra.


A polarização do momento é essa: o governo Serra já foi derrotado várias vezes na USP com seus projetos mirabolantes e agora, com a UNIVESP, tenta sua cartada final, já que o tucano deve ser candidato ano que vem a presidente (medo). A reitoria apóia os cursos a distância e mostra querer aprová-lo na marra, inclusive policiando o campus se necessário. O reajuste dos funcionários também não passa pela pauta, nem do governo, nem da administração central da Universidade.

Do outro lado, os três segmentos da Universidade lutam pelo reajuste salarial, o fim do projeto UNIVESP, impeachment da reitora Suely Vilela e a retirada imediata da polícia militar do campus. Um projeto contra a precarização do ensino universitário e a criminalização dos movimentos sociais.



No dia 19 de junho, mais de 5 mil pessoas marcharam pela Avenida Paulista defendendo a pauta acima. A UNESP declarou greve em solidariedade à USP, enquanto durar a ocupação policial.



Esse evento nos deixa a lição de como a Universidade está deixando o papel de transformadora da sociedade de lado, para se tornar um amontoado de tecnicismos e fonte de lucro para a sociedade de mercado. Para terminar, um trecho da carta aberta da Professora Ana Fani Alessandri Carlos, docente da USP:

“Invadida pelo imediatismo e utilitarismo, a Universidade se empobrece e abdica de seu papel de pensar criticamente o mundo desfocando seu horizonte do ‘homem’, para o mercado. O modelo que elimina as diferenças e as possibilidades contidas nessas diferenças – que são substanciais no uso de tempos e espaços na Universidade – sufoca a construção da sociedade plural pela imposição e afirmação do idêntico e do conhecimento como reflexo de um padrão estabelecido.”

Quem quiser ver os slides shows com fotos:
Chegada da PM:
http://www.adusp.org.br/galeria/index.php?p=slideshow&album=fotos%2F20090605
Protesto contra a PM no campus da USP:
http://www.adusp.org.br/galeria/index.php?album=fotos%2F20090609&image=IMG_2337.jpg
Protesto com 3 mil pessoas na Avenida Paulista:
http://www.sintusp.org.br/pages/ato18junho2009%20050_jpg.htm

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