quinta-feira, 23 de outubro de 2014
sexta-feira, 17 de outubro de 2014
Comunicado oficial à imprensa sobre o ato contra o Coronel Frederico Caldas
Nesta ultima terça-feira, dia 14 de Outubro, o CAHIS-UERJ e outras entidades, estudantes e moradores de favelas “pacificadas” ocuparam o Auditório 93 da UERJ para escrachar o Coronel da PM Frederico Caldas, Comandante das Unidades de Polícia “Pacificadora”. Frente às diversas interrogações feitas pelos grupos midiáticos que procuraram os diretores do CAHIS, decidimos por lançar um comunicado oficial à imprensa ressaltando alguns pontos essenciais para o entendimento do ocorrido.
Finalidade do Ato
Como dissemos acima, o Ato foi construído com o intuito de silenciar o Comandante das UPPs. O alvo da intervenção foi, desde o momento inicial até o final, o Coronel Frederico Caldas e, especificamente, o que ele representa enquanto comandante das Unidades de Polícia “Pacificadoras”. Em nenhum momento nossa intenção foi criticar o livro que estava sendo lançado, isso faremos em outro momento com resenhas críticas acerca da pesquisa realizada. Ora, se os alvos das nossas críticas naquele ato fossem os pesquisadores do LAV, como estão vendendo por aí, já teríamos nos manifestado contra eles há muito, pois estes pesquisadores estão no nosso andar diariamente dentro das salas de aula ou no Laboratório de Pesquisa. Os pesquisadores e o livro não nos importavam.
Diálogo e Livre Debate de Ideias
Outro consenso que se formou é de que nós do Centro Acadêmico de História não somos favoráveis ao livre debate de ideias, que fizemos um atentado à liberdade de expressão. Não há como ter um atentado à liberdade de expressão, pois ela nunca existiu. Para que ela exista é necessário que as condições sejam as mesmas. É muito fácil quando se está em posição superior reclamar que a sua liberdade de expressão foi afetada, pois uma coisa que as classes dominantes sempre tiveram foi o direito a se expressar. Não vamos idealizar a palavra liberdade, pois ela é uma construção histórica. A polícia mata na favela, e tem o seu comandante chamado para a UERJ para defender discursivamente os assassinatos e estupros que ocorrem diariamente. E nós, por nos colocarmos contra toda essa violência, somos taxados de fascistas. A lógica de discordar, mas não atrapalhar o direito de fala, está calcada em privilégios de classe. O pobre quando quer falar, é morto. Só existirá liberdade de expressão quando os direitos de fala forem os mesmos.
Em nenhum momento nós do C.A. de História da UERJ fomos convidados para o debate, como vem sendo relatado, mas pode ser que algum militante de outro coletivo que compunha o ato tenha sido. De todo modo, quem recebeu o convite, se é que de fato o recebeu, fez certo ao se recusar a sentar-se à mesa com o Cel. da PM.
Nós já realizamos alguns debates sobre as UPPs, tendo o último dele sido realizado durante o Encontro Nacional de Estudantes de História – ENEH, sediado por nós na UERJ ano passado e que contou com a presença de mais de 1500 estudantes de todo o Brasil. Não só somos favoráveis a esse tipo de debate como sempre cobramos da Universidade eventos desse tipo. Mas mantemos a nossa posição de não concordar em dar voz a quem já tem todos os meios de se manifestar diariamente através da grande mídia (televisão, rádio, jornais, revistas).
Fomos acusados pelo Professor Ignácio Cano, pelo Reitor da UERJ, Ricardo Vieiralves de Castro e pelo jornalista da Rádio CBN, Octavio Guedes, de fascistas. Estes últimos, o Reitor e o jornalista, chegaram ao cúmulo de por em xeque nossa capacidade intelectual nos mandando estudar História, afirmando que não conhecemos os processos autoritários e totalitários que o mundo viveu no século XX e o período ditatorial que vivemos entre 1964 e 1985. Risível. Quem precisa estudar História são estes senhores, principalmente este dito jornalista, que nem o seu trabalho faz corretamente, ou alguém concorda que ficar 20 minutos ao vivo nos xingando de fascistas e exigindo que a Reitoria nos puna é trabalho jornalístico sério? Nós achamos que não.
Se estes senhores fossem grandes conhecedores da História como pretensamente se auto intitularam, não cometeriam o equívoco de achar que autoritarismo e totalitarismo são a mesma coisa. Não se utilizariam de um termo como o fascismo que é tema de um debate historiográfico e sociológico extenso e contraditório sobre o seu significado. Saberiam que quem apoiou e apoia o Regime Militar ditatorial brasileiro são as Organizações Globo, a qual o Reitor fez acordo durante a Copa (e foi duramente criticado pelo nosso representante no Conselho Universitário), e a qual este jornalista trabalha. Atentariam também para o fato de que hoje a Polícia Militar é a instituição que carrega o resquício do entulho autoritário de 1964. Em suma, vocês deveriam estudar mais, não só História, mas também Sociologia e Filosofia. Está mais do que demonstrado que grande parte da imprensa, principalmente os radialistas Octavio Guedes e Lilian Ribeiro, e alguns ilustres intelectuais da academia, como o próprio Ignácio Cano, alinhavado pelo marinista Luiz Eduardo Soares e com a concordância do Reitor Ricardo Vieiralves de Castro, não sabem o significado da palavra fascista.
Existe uma falsa simetria quando nos afirmam como autoritários que interromperam o “debate”. Um debate que, sabemos nós, era jogo de compadres. Algum familiar das vítimas da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro foi chamado à mesa para discutir sua experiência de se ver vidas ceifadas pelo fuzil dos homens de farda? Agora, pensando bem, vemos que atingimos outro objetivo: fomentamos um debate, que hoje é explorado pela grande mídia, pondo a questão das UPPs em voga de forma mais crítica. Mais do que isso, é sinal de que o debate foi até além do planejado pelo evento: ele ultrapassou os muros da afastada universidade, que costumeiramente fica de costas para a sociedade.
Todos os elogios para os estudantes que se recusaram a ouvir passivamente as palavras de um representante da Policia Militar que é torturadora, assassina e estupradora. Polícia essa que, em diversas situações, não pregou o diálogo. É só lembrarmos de que com o Amarildo não teve diálogo! Com a Cláudia, arrastada covardemente pelo carro a PM, também não! Muito menos com o DG, atingido pelas costas! A função da polícia não é estabelecer diálogo. Ela foi criada com a intenção de vigiar e punir um inimigo interno do qual todos temos conhecimento: os pobres e negros, os escravos de ontem, os invisíveis e favelados de hoje. Não há a possibilidade de se ter diálogo com um Coronel da Polícia Militar. Há um fosso entre a corporação e a sociedade civil. No ano passado, movimentos sociais foram às ruas em protestos históricos e a reação da PM foi a repressão. Mas sabemos que a repressão aos que foram às ruas em junho não se compara ao que os moradores de favelas vivem diariamente. Infelizmente, nos sobram poucos espaços de resistência. A Universidade, com todos os seus problemas, tem o dever de levar à sociedade a sua contribuição.
Sabemos bem que o protagonismo dessa luta não deve ser de estudantes universitários que em sua maioria são de classe média e não moram em favela. Acreditamos que o movimento estudantil deve sim apoiar e ajudar a organizar a luta dos trabalhadores e trabalhadoras, mas nunca querendo falar por eles.
O ato contava com muitos moradores de favelas, alguns inclusive estudantes cotistas da UERJ, que aprenderam a conviver diariamente com o fuzil como paisagem. Também estiveram presentes o Conselho de Juventude da FAFERJ (Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio de Janeiro, que representa 1800 favelas em nosso estado), o Fórum de Juventudes, entre outros coletivos e organizações de favelas. E é consensual entre aqueles que participaram do ato que a experiência da UPP foi transferir apenas o monopólio da violência do tráfico para a polícia. Contudo, ao invertermos a lógica da dominação, talvez o Coronel tenha podido sentir na pele, ainda que seja bem pouco se comparado às barbaridades da PM, o que milhares de moradores das favelas sentem diariamente: silenciamento. A diferença abissal, que a desonestidade intelectual dos que nos chamam de fascistas não mostra, é que nós os silenciamos com vaias, apitos e palavras de ordem. Nos becos e vielas das favelas, o silêncio da população negra e trabalhadora é feito com balas, tortura, agressões, estupros e mortes.
Centro Acadêmico de História
Gestão Filhos da Pública
sábado, 4 de outubro de 2014
CAHIS Informa: Abertas as inscrições para Comunicação Livre
Estão abertas as inscrições para os estudantes que desejam apresentar trabalho durante a XII Semana de História!
O envio de resumos deve ser feito até o dia 31/10. Já os trabalhos completos devem ser enviados até o dia 06/11.
Para mais informações e regras para submissão dos trabalhos, verifique o Edital: http://goo.gl/azAwG7
CAHIS Convida: XII Semana de História da UERJ
XII Semana de História da UERJ: “Governos populares, Movimentos Sociais e Insurreições na América Latina nos séculos XX e XXI”
De 10 à 13 de Novembro, Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Apresentação
A Semana de História é organizada anualmente e é o evento mais importante organizado pelos estudantes do curso, através do seu Centro Acadêmico, servindo como um espaço de interação acadêmica, política e cultural, pois entendemos que esses campos são indissociáveis. É objetivo também do Centro Acadêmico fomentar a produção intelectual discente através das apresentações de trabalho e das publicações na nossa Revista Online, que é um espaço onde provamos que os estudantes da graduação também podem produzir conhecimento e que estes estão preocupados em construir um saber crítico e transformador que interfira diretamente na vida da população fluminense.
Nessa edição da Semana de História trataremos pela primeira vez de um assunto que sempre abordamos na nossa militância cotidiana, mas que nunca foi tema do nosso evento mais importante: a América Latina, que sempre foi relegada a um segundo plano nos estudos da nossa academia eurocêntrica e que quando vira objeto de estudo, os autores e conceitos utilizados para interpretá-la são majoritariamente europeus. Nesse sentido optamos por construir um evento que abordará alguns dos acontecimentos mais importantes da América Latina no século XX e XXI - até o momento - sob a ótica de historiadores, outros intelectuais da área das ciências humanas e sociais e dos movimentos sociais e partidos políticos que atuaram e atuam diretamente sobre essa realidade.
O pontapé inicial da nossa Semana será um debate sobre os governos populares que se desenvolveram em nossa América e os estigmas e conceitos impetrados neles. Também teremos duas mesas evidenciando importantes líderes que nos deixaram tradições políticas importantes como o legado de Brizola, neste ano em que se completa 10 anos sem o mesmo, e também Luiz Carlos Prestes, líder da Coluna Prestes que completa 90 anos de história. Debateremos também, um tema muito escasso em nossa academia que é a Revolução Mexicana e a continuidade de seus princípios através da EZLN. Outro tema fundamental que nossa sociedade machista esconde é a luta e a emancipação feminina na América Latina, que será abordada em um dia inteiro de evento dedicado exclusivamente ao tema. E já adentrando no século XXI, debateremos um tema ainda pouco estudado por historiadores e relegado a outras ciências que é a relação do governo do PT com o neoliberalismo, além dos chamados Governos Bolivarianos. Também teremos o tradicional e precioso espaço para os graduandos apresentarem trabalhos, visando a valorização dos graduandos e de suas pesquisas. E por fim, faremos uma socialização entre os estudantes com uma festa de encerramento, a Revolta da Cachaça 2.0.
Convidamos a todos os estudantes a participarem da nossa Semana de História, para edificarmos coletivamente nossos conhecimentos sobre a América Latina!
CAHIS UERJ - Gestão Filhos da Pública.
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